Existem diversas matérias internet afora a respeito de sociedades
Secretas (a maioria nem é tão secreta assim, sendo que o termo
"secretas" se refere mais às suas normas mesmo). O assunto, que também
já foi diversas vezes abordado aqui no blog Noite Sinistra,
geralmente está envolto eu uma aura de conspiração, mistério e códigos
de conduta secretos. O objetivo dos integrantes dessas famigeradas
organizações geralmente tem haver com poder e manipulação da verdade.
Hoje conheceremos uma organização altamente presente na África
Ocidental, e voltada para homens.
Poro é uma sociedade secreta masculina, cuja
influência é muito forte em países como a Serra Leoa, Libéria, Costa do
Marfim e Guiné. Sua origem está associada com a cultura dos povos mandê,
que chegaram à África Ocidental há mais de mil anos.
Atualmente, a Poro é responsável por governar a população nativa e
regulamentar as atividades políticas, sociais e culturais de seus
membros.
A organização conta com poder suficiente para impor suas leis e códigos,
mesmo contra a vontade dos integrantes com menos poder de decisão e dos
governantes tradicionais, e são seus chefes quem decidem sobre questões
que vão desde a fertilidade na agricultura, até o treinamento militar.
Contudo, seu principal papel é religioso, e um dos objetivos da Poro é o
de controlar os espíritos e garantir que sua intervenção nos assuntos
dos homens seja benéfica.
Depois de aceitos pela sociedade, os novos membros são introduzidos a
segredos religiosos e aos poderes da bruxaria. Os integrantes são
proibidos de revelar o conhecimento que recebem durante as reuniões e
rituais. Quem não obedecer às regras pode ser condenado à morte.
Reuniões
Devido ao voto de segredo que os membros devem fazer ao serem aceitos na
Poro, não existem muitos detalhes sobre o que acontece durante as
reuniões, mas sabe-se que essa sociedade é estruturada em hierarquias e
conta com dialetos, rituais, marcas e símbolos próprios (a exemplo te
várias outros grupos secretos).
Além disso, os encontros geralmente ocorrem durante a estação seca —
entre outubro e maio — em locais sagrados das florestas próximas aos
vilarejos.
Durante as reuniões que ocorrem nos lugares sagrados, os membros
costumam discutir assuntos relacionados com a comunidade, e tais
encontros são proibidos para quem não é membro. As cerimônias são
presididas por um chefe — uma espécie de Grão Mestre — trajando roupas e
acessórios ritualísticos.
O traje cerimonial costuma ser composto por uma grande máscara ou adorno
para a cabeça feito de madeira e um cajado, e essas peças
frequentemente são enfeitadas com crânios e outros ossos humanos,
pertencentes a antigos líderes do grupo.
Além disso, o chefe se dirige ao grupo falando através de um longo tubo
de madeira que distorce sua voz. Em algumas regiões, mulheres e crianças
podem comparecer às reuniões, mas, nessas ocasiões, o chefe não aparece
com os apetrechos ritualísticos.
Estrutura e ritual de passagem
Existem três níveis de hierarquia na organização, sendo que o primeiro
deles corresponde aos chefes, o segundo aos sacerdotes ou feiticeiros e o
terceiro aos demais membros do grupo.
Os integrantes da Poro são responsáveis por organizar o ritual de
passagem que prepara meninos e adolescentes para a vida adulta, e esse
rito envolve passar alguns dias em isolamento em um acampamento na
floresta.
Durante esse período, os meninos recebem ensinamentos morais através de
canções tradicionais e histórias que enfatizam valores como
solidariedade e respeito pelos mais velhos.
Além disso, os meninos que ainda não forem circuncidados passam por esse
procedimento no início da reclusão e recebem um nome Poro. Ao final do
ritual de passagem, os participantes são submetidos a uma série de
testes e experiências para provar sua masculinidade.
Antigamente, os meninos também recebiam o sinal da sociedade secreta nas
costas e ombros através de cortes ritualísticos que deixavam
cicatrizes, mas essa prática está caindo em desuso.
Já para que um integrante se torne mestre, é necessário pagar uma taxa,
assim como passar por um período de treinamento no uso de poções
medicinais e passar por um ritual de iniciação realizado por alguém que
já ocupe a posição de chefe.
Só para mulheres também
Assim como a Poro, em Serra Leoa também existem as sociedades secretas
Yassi e Bundu, que são reservadas apenas para mulheres. Para fazer parte
da Yassi — que permite a presença de membros da Poro em algumas
cerimônias —, as integrantes precisam necessariamente fazer parte da
Bundu primeiro, que é exclusivamente feminina. Na Libéria, essa
sociedade secreta estritamente feminina recebe o nome de Sande.
Em alguns países, a Bundu e a Sande tiveram que reformular algumas de
suas práticas para acomodar as exigências da sociedade atual, mas, mesmo
assim, elas continuam exercendo forte influência nas áreas onde se
encontram e suas proibições são estritamente respeitadas.
Com respeito aos rituais de passagem envolvendo as sociedades secretas
femininas, durante o período de reclusão, as meninas aprendem sobre
rituais religiosos e podem passar por algum tipo de mutilação genital,
mas essa prática — por sorte — está deixando de ser seguida em algumas
regiões.
Fonte: Noite Sinistra
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