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quinta-feira, 12 de março de 2015

As ruínas da subestação elétrica de Kumanotaira

"Não é a primeira vez que visito estas ruínas. Aliás, muito mais que uma vez, eu visito este lugar desde que eu era criança e posso dizer que aqui foi o meu ponto de partida em explorações a lugares abandonados. Por isso, aqui foi o primeiro lugar em que eu pude me deleitar com as transformações que ruínas passam no decorrer das quatro estações.



Ao atravessar o túnel, a 'dimensão do abandono' se estende aos olhos do visitante e apesar dos trilhos e estações de trem abandonados nas proximidades se deteriorarem com o tempo, apenas este lugar preexiste intacto.

A partir de um caminho para pedestres que leva a este lugar, o visitante é levado a crer que há mudanças nestas ruínas, onde o normal seria que obstruíssem suas janelas com tábuas de modo a impedirem a sua entrada, ou bloquear as portas por meio de soldadura. No entanto, a figura da subestação não muda em nada à primeira vista. Eu senti como se lá estivesse um velho amigo dos velhos tempos e fui invadido por uma estranha sensação de segurança.

O ato de subir esta escada para adentrar o local, tampouco mudou com o passar do tempo.

Esta subestação foi construída antes da guerra, no ano de 1937. Em um momento do Japão em que se aproximava um imenso incidente extremamente destrutivo. A Guerra Sino-japonesa desencadeada pelo Incidente da Ponte Marco polo, considerado como a origem das hostilidades que foram aumentando cada vez mais entre as duas nações e que marcou o início sem volta do caminho da destruição que o Japão trilhou.
Em 1997, a estação não tinha mais finalidade e junto com a linha férrea de Karuizawa, as instalações foram abandonadas, seguido de um longo esquecimento.
Logo após entrar, eu me dirijo aos fundos e saio em um amplo andar. Aparentemente, é a sala das máquinas, mas quase não restam equipamentos daquele tempo.

Os característicos raios de luz que passam pelas janelas, iluminam a escuridão da sala.
Eu desço uma longa e estreita escada.
Eu fico surpreso pelo lugar não ter mudado quase nada, desde à primeira vez que estive aqui.

O tempo nas ruínas corre com suavidade. As ruínas não dão importância alguma ao tempo frenético que corre a sua volta, apenas aguardam calmamente o seu fim.

Eu chego no andar térreo.

Há vários objetos espalhados.
Em um mundo sem pessoas, provavelmente tudo se tornaria algo assim.
Eu encontro algo nostálgico. A pessoa que escrevia nesse caderno de décadas atrás, registrava também as suas intenções e pensamentos. (Está escrito na tampa da caixa: "Após terminar de escrever, favor colocar sobre a caldeira da comida. Ass. Patrulha Kakusui." NDT. rusmea.com)
Uma sala de cor cinza.
Já não se pode sentir o calor das pessoas daquele tempo que se sentavam neste banco.
Apenas o silêncio domina esta sala.

Vou explorar o andar térreo.
As letras descascadas do extintor de incêndio.
O imenso guindaste no teto.
A subestação continua no lado de fora, do outro lado dessa parede.
Macas velhas escoradas na parede. Acredito que não tenham mais utilidade. Assim espero.
(No Japão, todas as fábricas e afins, possuem macas como a da imagem para emergências. Simulações de incêndio e acidentes, visando o treinamento de funcionário, são realizadas com muita frequência. NDT. rusmea.com)

A placa com a nomenclatura do guindaste. (Capacidade para 5 toneladas - Industria Satou Fábrica Fujisan - ano de 1962. NDT. rusmea.com)
Uma caixa de equipamento vazia.

O imenso gancho do guindaste, está pendurado imóvel.

Escadas e prateleiras. Não resta quase nada do seu conteúdo.
Vidros com rachaduras que lembram teias de aranha.
A claridade e a escuridão.

Há um banco desproporcional a este lugar. Seria de alguma estação de trem?
Um telefone pendurado. A imagem chega a ser surreal.

Está na hora deixar este andar para trás.
Eu me dirijo à escada que está do lado da sala de serviço.

A janela no final da escada.

Dessa janela, dá para ver os trilhos da linha férrea abandonada.
Neste andar, após a escada, me encontro em um salão retumbante de tão vazio.

Este é o último andar desta ruína. Aqui eu sinto as minha lembranças antigas voltarem vivas.
A vegetação chegou até aqui. Há uma porta no fundo.
A vista da porta. Há uma saliência vazia e abaixo, há uma estrada que corta a passagem da montanha.

Um panorama fantástico se estende pelas profundezas das montanhas. Pessoas construíram algo neste lugar distante e um certo dia, as pessoas o abandonaram ao não precisarem mais. Hoje, esse algo jaz esquecido na forma de ruínas.
Indo lentamente de encontro a sua própria destruição, através do tempo que segue em direção ao futuro.




Fonte: rusmea.com

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