A superstição que ronda o número 13 é, sem
dúvida, uma das mais populares. Sua origem é pagã, e não cristã, como
muitos pensam, e remonta a duas lendas da mitologia nórdica. De acordo
com a primeira delas, houve no Valhalla, a morada dos deuses nórdicos,
um banquete para o qual 12 divindades foram convidadas.
Loki, deus do
fogo, ficou enciumado por não ter sido chamado e armou uma cilada:
ludibriou um deus cego para que este ferisse acidentalmente o deus solar
Baldur, que era o favorito de seu pai, Odin, o deus dos deuses. Daí
surgiu a idéia de que reunir 13 pessoas para um jantar era desgraça na
certa.
A associação com a sexta-feira vem da Escandinávia e refere-se a
Frigga, a deusa da fertilidade e do amor. Quando as tribos nórdicas e
alemãs foram obrigadas a se converter ao cristianismo, a lenda
transformou Frigga em bruxa, exilada no alto de uma montanha. Dizia-se
que, para se vingar, ela se reunia todas as sextas-feiras com outras 11
bruxas e o demônio, num total de 13 entes, para rogar pragas sobre os
humanos.
Isso serviu para incitar a raiva e a animosidade das pessoas
contra Frigga, embora nem sequer existissem figuras malignas como o
Diabo nessas culturas. Como a sexta-feira era um dia consagrado à deusa
e, portanto, ao feminino, o advento do patriarcado fez com que esse dia
fosse o escolhido para ser um dia amaldiçoado, como tudo o que dizia
respeito às mulheres - a menstruação, as formas arredondadas, a magia, o
humor cíclico, o pensamento não-linear etc.
A Última Ceia, portanto, é uma posterior releitura dos mitos originais,
onde havia 13 à mesa, às vésperas da crucificação de Jesus, que ocorreu
em uma sexta-feira. O 13º convidado teria sido o traidor causador da
morte de Jesus, exatamente como Loki foi o causador da morte do filho de
deus.
A idéia do 13 como um indício de má sorte surge da concepção que o
judaico-cristianismo tem da morte, que não é, necessariamente, a idéia
que Jesus teria tido. Especula-se, inclusive, que Jesus, sendo um sábio
iniciado, possa ter estipulado o número de pessoas à mesa em 13
precisamente por causa da magia do número.
Nas cartas do tarô, o Arcano
13 é a carta da morte, até por uma possível associação com as letras
hebraicas. Estudiosos da prática interpretam a carta como um sinal de
mudanças de pontos de vista, de formas de viver, e profundas
transformações internas e externas.
Mesmo quando se refere à morte
física, na concepção religiosa, esta não representa um fim em si mesma,
afinal os povos antigos viam a morte como transmutação, uma passagem
para outro mundo ou plano de existência, em geral com uma conotação
evolutiva. Por esse motivo, as tradições de magia ocidental, como a
Wicca (bruxaria moderna), sugerem o número de 13 participantes em
rituais.
Fonte: Galileu Via: ArquivosDoInsolito
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