O suposto ritual de invocação de espíritos Charlie Charlie Challenge
causou tumulto na Escola de Tempo Integral José Carlos Mestrinho,
localizada na Zona Sul de Manaus, na quarta-feira (27-05-15). Segundo
testemunhas estudantes passaram mal após a brincadeira "Charlie
Charlie". Na quinta-feira (28), a direção da unidade convocou uma
reunião com pais de alunos e com o Conselho Tutelar da área.
A Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc) informou que ao
menos quatro unidades da capital registraram confusão em razão da
brincadeira.
O ritual "Charlie Charlie" envolve colocar dois lápis um em cima do
outro em forma de cruz, e escrever as palavras "sim" e "não" nos
quadrados formados por eles. O invocador deve então perguntar "Charlie
Charlie, você está aí?". Se um dos lápis se mover para a palavra "sim", o
espírito estará presente.
O assunto se tornou uma febre nos últimos dias, e apesar de muitas já
haverem muitas matérias na internet contradizendo a suposta lenda em
torno da brincadeira, o assunto continua gerando polêmica e até histeria
em alguns casos.
Leia Mais: Desafio Charlie Charlie: A brincadeira das redes sociais que pode invocar demônios
O incidente
Imagens que teriam sido registradas no momento da confusão mostram
estudantes sendo socorridos. Uma aluna é retirada de uma das salas. Ela é
levada em uma maca e uma outra é carregada por um homem. "Ela estava
delirando, não falando 'coisa com coisa', falando que não era pra deixar
ninguém levar ela (sic)", disse Magrizaira Raitz, mãe de um dos alunos
da escola.
Os estudantes disseram que alguns professores chegaram a pedir que a
brincadeira parasse. À Rede Amazônica, familiares de alunos disseram que
os jovens estão traumatizados e que não querem mais ir para a escola.
Relatos apontam que houve confusão nos corredores da escola, situada no bairro Crespo.
"Ontem (quarta feira dia 27), uma menina do 8º ano começou com a
brincadeira do 'Charlie'. Uma menina disse que viu o 'demônio', e outra
começou a ver e espalhar para escola toda. As meninas começaram a
desmaiar, ter convulsões, os pequenos do 1º ao 6º ano começaram a se
enforcar a se bater", disse uma das alunas da escola. Ela não quis ser
identificada.
A avó de alunos que estudam na unidade afirmou que os netos relataram
situação de caos. "Tinha bastante criança jogada no chão sem saber o que
estava acontecendo", afirmou. "Meus netos chegaram contando que uma
garota que estava com o lápis chamando pelo nome de um espírito que já
morreu, e aí começaram a 'pegar' espírito", acrescentou a avó, que
também não quis ser identificada.
Nesta sexta-feira (28), um aviso no portão da escola informava sobre uma
reunião com pais. A reportagem não teve acesso ao encontro. A mãe de
uma estudante que participou da reunião disse ao G1 que a direção da
escola irá apurar o caso e identificará alunos envolvidos na confusão.
"O que a diretora da escola falou foi que era proibido a entrada de
celular na escola, que isso não foi de responsabilidade deles e sim das
crianças que entraram com o celular e estavam vendo os vídeos e que eles
iam tomar providencias sobre essa criança que fez essa brincadeira.
Falaram que eles não podiam realmente ter liberado as crianças ontem do
jeito que ele estavam, desesperados, devido ao monte de criança
desmaiada, vomitando", relatou a mãe, que não quis ser identificada.
O Conselho Tutelar da área também participou da reunião. "A gente vai
primeiro ver o que realmente aconteceu para dar os encaminhamentos
devidos", disse a conselheira Maria Dalva Guimarães.
A Secretaria de Estado de Educação do Amazonas informou, por meio de
nota, que as ocorrências estão sendo acompanhadas pelas Coordenadorias
Distritais de Educação. "As escolas com casos recentemente notificados
foram instruídas a dialogar com os pais de modo a fazer cumprir os
regimentos internos escolares", diz.
Fonte: G1 Via: Noite Sinistra
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