Descoberta na África empurra a data do surgimento desse tipo de tecnologia pelo menos 45.000 anos para trás.
Muitos milhares de anos atrás, seres humanos primitivos descobriram que podiam melhorar suas ferramentas de pedra se tratassem as rochas com fogo.
Evidência disso, datando de 72.000 anos atrás, foi encontrada no extremo sudeste da África, informam cientistas na edição desta sexta-feira, 14, da revista Science.
A descoberta empurra a data do surgimento desse tipo de tecnologia pelo menos 45.000 anos para trás, diz Curt Marean, um paleoantropólogo do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona, um dos coautores do artigo que descreve o achado.
"A tecnologia do tratamento pelo calor começa com um momento de gênio - alguém descobre que é mais fácil tirar lascas de uma pedra aquecida", disse Marean, em uma nota. A descoberta é então passada adiante a aperfeiçoada.
Os pesquisadores encontraram itens feitos de uma pedra chamada silcreto, que geralmente é ruim para a produção de ferramentas. Mas, aquecida, ela muda de cor e de estrutura, tornando-se mais útil.
Para testar a ideia, os cientistas aqueceram um pouco de silcreto ao longo de uma noite. Pela manhã, descobriram que eram capazes de lascá-lo em ferramentas brilhantes, semelhantes às encontradas no sítio arqueológico de Pinnacle Point, África do Sul.
As ferramentas de silcreto podem ter sido ótimas armas de caça, facas e meio de comércio, disseram os pesquisadores.
"Aqui estão os primórdios do fogo e da engenharia", disse o principal autor do artigo, Kyle Brown, um candidato ao doutorado na Universidade da Cidade do Cabo.
Em comentário ao artigo científico, John Webb e Marian Domanski, da Universidade La Trobe, na Austrália, dizem que o desenvolvimento do tratamento com calor pode ter tido um papel na disseminação dos seres humanos antigos para climas mais hostis, como o europeu, a partir da África.
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