Dois astrofísicos acreditam que tenham resolvido o mistério que cercava um objeto que ocupa posição central entre os restos de uma supernova distante.
Cerca de 330 anos atrás, explodiu uma grande estrela na constelação de Cassiopeia. Esta supernova - como são conhecidos corpos celestes surgidos após as explosões de estrelas - talvez tenha sido registrada por John Flamsteed, astrônomo real da Inglaterra, que observou, naquele ano, uma "estrela" que não corresponde a qualquer objeto registrado nas cartas celestes hoje conhecidas quanto àquela constelação.
Os restos da supernova, conhecida como Cassiopeia A, sempre representaram um certo mistério para os astrônomos.
As supernovas normalmente deixam para trás um objeto de extrema densidade, como um buraco negro ou estrela de nêutrons.
Mas ao longo de décadas de observação não foi avistado um objeto desse tipo no centro de Cassiopeia A.
Em 1991, o Observatório de Raios-X Chandra por fim identificou um objeto compacto na área. No entanto, aquilo que foi avistado "não correspondia ao que os astrônomos imaginavam quanto à aparência de uma estrela de nêutrons", disse Craig Heinke, astrofísico da Universidade de Alberta, no Canadá.
As estrelas de nêutrons costumam apresentar fortes campos magnéticos, em rotação, que geram a impressão de que elas pulsam, mas o objeto identificado no centro de Cassiopeia A queima em ritmo constante.
Além disso, a energia no espectro de raios-X que ele emite não se enquadra aos padrões esperados pelos astrônomos.
Agora, Heinke e seu colega Wynn Ho, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, acreditam ter uma explicação para o misterioso objeto.
Eles propõem a interpretação de que Cassiopeia A contenha uma estrela de nêutrons, e que essa estrela esteja envolta em uma atmosfera de carbono.
A presença de uma atmosfera como essa faria com que os restos da estrela morta parecessem emitir um brilho azul profundo nas faixas de ondas da luz visível, o que explicaria as energias incomuns captadas pelos cientistas na banda de raio-X. O trabalho dos cientistas sairá esta semana pela Nature.
Heinke diz que a aparência incomum de Cassiopeia A pode se dever à juventude da estrela. Com o tempo, afirma, a estrela pode acumular hidrogênio e hélio e desenvolver uma rotação perceptível. Isso a tornaria mais parecida com outras estrelas de nêutrons conhecidas, e mais antigas.
"Acredito que seja uma interpretação interessante", disse Harvey Tananbaum, diretor do Centro de Raios-X Chandra, no Centro Harvard Smithsonian de Astrofísica, em Cambridge, Massachusetts.
Tanambaum afirma que o seu estudo não oferece provas irrefutáveis de que uma estrela de nêutrons envolta por uma atmosfera de carbono esteja posicionada no centro de Cassiopeia A, e observação posteriores poderão oferecer indicações melhores quanto à natureza do objeto. Mas, acrescenta ele, o estudo que redigiu "talvez seja a melhor explicação disponível".
Fonte: Terra/arquivosdoinsolito
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