outubro 2013 - ††† Universo Sobrenatural †††

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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Suposta queda de ovni gera mistério na Rússia

14:58 0


Moradores de uma aldeia na região de Omsk afirmam que um estranho objeto caiu em uma floresta e provocou um incêndio.


Mais um estranho fenômeno chamou a atenção dos russos na última semana. Na noite do último dia 15 de outubro, terça-feira, moradores de uma aldeia na região de Omsk, afirmaram que um objeto luminoso caiu do céu e provocou um incêndio em uma floresta.


Moradores filmaram vários vídeos e publicaram o que seria a queda de um OVNI (objeto voador não identificado) no YouTube .


Algumas testemunhas afirmaram que tentaram apagar as chamas com espuma, mas que as mesmas foram ineficientes. Os bombeiros tiveram de ser chamados para conter o fogo.


No dia seguinte após a queda, a polícia e os bombeiros afirmaram que o incêndio ocorreu por causa da existência de um grande lixão no local. 


Moradores, no entanto, discordaram das informações. Desde então, o local tem atraído a presença de curiosos e da mídia local. Uma das hipóteses é de que o incêndio teria ocorrido com a queda de um pedaço de um foguete.



Fonte: Band  Via: ArquivosDoInsolito
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Cientista defende verdades por trás do mito dos zumbis

14:15 0
Wade Davis. Fotografia de Mark Thiessen, National Geographic Stock




O canadense Wade Davis desvendou segredos da zumbificação. Livro 'A serpente e o arco-íris' virou filme de Wes Craven em 87.

O etnobotânico Wade Davis não gosta de ser chamado de “zumbiólogo”. Ainda assim, aos 56 anos, este cientista canadense que hoje trabalha como explorador da “National Geographic” é um dos raros acadêmicos que se dedicou a entender o que há de verdade naquilo que conhecemos como zumbis.
Em quatro anos de pesquisa na década de 1980 – três dos quais vividos no Haiti, berço do mito contemporâneo dos zumbis –, Davis afirma ter encontrado “um veneno que faz alguém parecer que está morto, mesmo que esteja vivo”.
A poção, produzida por feiticeiros vodus a partir da toxina de um peixe nativo misturada a ervas alucinógenas e restos humanos como ossos e pele, seria o elemento central no processo de zumbificação, prática que iria bem além da simples magia negra, defende o cientista, mas que funcionaria como punição social dentro da cultura e dos costumes da religião vodu.
Suas conclusões foram registradas em dois livros “Passage of darkness: the ethnobiology of the Haitian zombie”, de 1988, resultado da tese de doutorado de Davis em Harvard, e “A serpente e o arco-íris”, lançado no Brasil pela Jorge Zahar em 1986, e que ganhou uma adaptação para o cinema no ano seguinte pelas mãos de Wes Craven, de “A hora do pesadelo” , da qual o autor não quer nem ouvir falar.
“O que minha pesquisa tenta sugerir não é que exista uma linha de produção de zumbis no Haiti, mas que o conceito se baseia em algo real”, argumenta Davis em entrevista por telefone ao G1.
“[Na lenda] um zumbi é alguém que teve sua alma roubada por um feitiço e que fica capturado em um estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo mandado para trabalhar como escravo em plantações.
Hoje sabemos que não há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos-zumbis no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder a sua alma – o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para o voduista –, tornar-se um zumbi é um destino pior do que a morte”, explica.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Davis de sua casa, em Washington DC.

O etnobotânico Wade Davis em foto tirada no Haiti no início dos anos 1980 (Foto: Arquivo Pessoal)


G1 – Descobri só há pouco que um de seus livros, “A serpente e o arco-íris”, também já foi transformado em filme...
Wade Davis - Sim, infelizmente. Foi uma dessas coisas em que eles prometem um diretor e depois aparecem com outro. Nesse caso me prometeram Peter Weir ["O ano que vivemos em perigo", "A testemunha", “Sociedade dos poetas mortos”, “O show de Truman”] e achei que ele seria um ótimo diretor para aquele livro em especial.
Mas ele não podia fazer porque tinha acabado de fazer um filme e precisava descansar. E, sendo um jovem escritor, você sabe que não tem muito controle sobre o processo, infelizmente.
G1 – Qual é sua opinião geral sobre os filmes de Hollywood que tratam de zumbis?
Davis – É preciso voltar ao porquê de termos essa ideia de vodu como magia negra. Se você se perguntar sobre as grandes religiões do mundo – budismo, judaísmo, cristianismo, islamismo – haverá sempre um continente deixado de fora, a África.
Afora os países islâmicos, o que se assume é que os africanos não tem religião, mas é claro que têm. Quando os africanos foram trocados como escravos, eles trouxeram suas crenças religiosas e, dependendo de aonde as pessoas foram levadas, nas diferentes circunstâncias históricas, formas diferentes de religião se desenvolveram.
Você tem a santeria nos países de colonização hispânica como Porto Rico, Cuba e República Dominicana, tem o candomblé no Brasil e o vodu no Haiti.
Vodu não é magia, mas uma forma complexa e metafísica de ver o mundo. É uma religião dinâmica e viva em que os seres humanos entram em contato com os mortos e se tornam os espíritos e múltiplas expressões de Deus.
E de onde se tirou essa ideia de o vodu ser demoníaco? Em primeiro lugar, o Haiti era a única nação negra independente por cem anos.
Os haitianos costumavam comprar navios de escravos que iriam para os EUA e dar-lhes liberdade no Haiti.
O país deu dinheiro a Simon Bolívar em suas lutas de liberação na Gran Colômbia. Mas em 1915 o Exército americano ocupou o Haiti.
Era época da segregação, e a maioria dos soldados eram homens sulistas, crescidos em meio ao racismo, e todos, do cabo ao sargento, acabaram assinando contrato para escrever um livro.
E os livros que saíam tinham títulos como "Fogo vodu no Haiti", "Aparição na terra vodu" ou "A ilha mágica", todos cheios de crianças que eram levadas para o caldeirão e zumbis se levantando dos túmulos para atacar pessoas.
Foram essas histórias que deram origem aos filmes de Hollywood da RKO dos anos 1940. Esses livros e filmes terríveis diziam essencialmente aos americanos que qualquer país onde coisas terríveis assim acontecem precisam de redenção pela ocupação militar.

G1 – Portanto, o sr. está dizendo que o preconceito marcou esses primeiros filmes?
Davis - Nenhuma dessas coisas era consciente. Não significa que alguém em Hollywood tenha dito: “vamos pegar os negros”.
Era um período de segregação. Mas, por sinal, isso não foi embora. Você deve ter ouvido falar que o fundamentalista cristão e ex-candidato ao governo dos EUA Pat Robertson, culpou os haitianos pelo terremoto, dizendo que a tragédia é resultado de um pacto que eles teriam feito com o diabo na época da revolução. É difícil imaginar algo mais ignorante, cruel e insensível sendo dito por qualquer um.
G1 – De todo modo, os primeiros filmes de Hollywood, da década de 30 e 40, pareciam estar mais afinados com os relatos de zumbis haitianos – seres que tinham sido declarado mortos, enterrados e depois trazidos de volta à vida sem vontade própria por um feiticeiro vodu. Não eram as hordas de comedores de carne humana em que se transformaram os zumbis do cinema a partir dos anos 60. 

Davis – 
O que minha pesquisa tenta sugerir não é que exista uma linha de produção de zumbis no Haiti, mas que o conceito se baseia em algo real.

[Na lenda] um zumbi é alguém que teve sua alma roubada por um feitiço e que fica capturado em um estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo mandado para trabalhar como escravo em plantações.

Hoje sabemos que não há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos-zumbis no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder a sua alma – o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para o voduista –, tornar-se um zumbi é um destino pior do que a morte. É por isso que no Haiti não se teme os zumbis, mas se tornar um zumbi.

O que minha pesquisa faz é perguntar quais são as ramificações dessa ideia. Seria possível existir um veneno que fizesse as pessoas aparentarem estar mortas para depois tornarem ao mundo dos vivos?

Se isso existisse, talvez tivesse implicações médicas importantes. Esse veneno foi citado na literatura e nas lendas do povo, e há de fato um veneno no Haiti que tem um ingrediente que sabemos cientificamente que pode fazer precisamente isso: fazer alguém parecer que está morto, mesmo que esteja vivo.

Mas fui procurar a base química do evento e acabei explorando o lado social, psicológico, político e cultural das possibilidades químicas.

Sabemos de sociedades secretas na África Equatorial que, por uma função política tradicional, punem as pessoas com venenos. No Haiti também há sociedades secretas no campo que aparentam ter uma função política e que fazem a mesma coisa.

Minha conclusão foi que a noção de zumbi, como sendo um destino pior que a morte, era de certa forma a punição maior para quem violasse as regras de uma cultura tradicional.

E os primeiros filmes tentavam refletir isso. Em partes por influência de uma folclorista maravilhosa chamada Zora Neale Hurston, que [nos anos 30] escreveu o livro "Tell my horse", em que basicamente diz tudo isso sobre zumbis.

Acho que os primeiros filmes de Hollywood de certa forma espelhavam o que Zora estava escrevendo. Mas então os zumbis se tornaram parte do gênero mais amplo dos filmes de horror, junto com múmias e fantasmas...

Mas isso de certo modo reflete todas as nossas obsessões com a morte e a incerteza sobre o que ela representa, o pesadelo terrível da morte voltando para assombrar os vivos. Acho que os filmes de Hollywood, terríveis como podem ser, refletem uma fascinação geral humana por essa noção.

G1 – É possível afirmar que o conceito de zumbi como uma pessoa trazida de volta à vida sob o comando de um mestre é algo genuinamente haitiano? O zumbi haitiano é o “original”? 
Davis - Uma das coisas que nunca investiguei a fundo é que o peixe que contém a toxina que identifiquei [como fundamental no preparo do veneno] existe também em águas de rios da África Equatorial.
Mas acho que uma das coisas que aconteceu nas Américas é que, para onde que fossem os africanos, eles estavam sujeitos a vários tipos de influências.
E uma das coisas que é bastante única no Haiti é que, diferentemente da Jamaica que foi colônia britânica até 1963, o Haiti era um país independente desde 1804.
E depois da revolta dos escravos um certo manto de isolamento cobriu o Haiti, até a igreja foi expulsa. Enquanto no século XIX lugares como Brasil ou Jamaica ou o Sul dos EUA eram expostos à cultura europeia, o Haiti já estava isolado, e formas africanas persistiram no Haiti de forma significativa.
Claro que há influências da Europa, da Igreja Católica, o [idioma] francês se tornou o creole, mas o isolamento e a influência da Àfrica fizeram do Haiti único.
Embora outras culturas, como o candomblé no Brasil, tenham noções de possessões de espíritos e o senso fundamental de adoração de ancestrais, o zumbi, na minha experiência, é algo unicamente haitiano.

G1 – No Brasil também temos nosso Zumbi dos Palmares, um líder negro das revoltas escravas, mas que não parece ter a ver com a noção de zumbi dos haitianos.
Davis - É sempre perigoso dizer porque as palavras podem ser usadas de múltiplas maneiras. Há várias origens diferentes para a palavra zumbi e não se sabe claramente qual é a correta. Vodu é só uma forma de dizer “espírito de deus”.
Não se esqueça também que houve muito contato entre os caribenhos e o Brasil naquela época, claro. A revolta bem-sucedida dos escravos no Haiti ficou conhecida e provavelmente também incentivou os brasileiros assim como os americanos a fazerem as suas.

G1 – Seus livros foram publicados na década de 80. Desde então deu seguimento à pesquisa?
Davis - Eu nunca me vi como um expert em vodu. Estava a trabalho na região amazônica como botânico e antropólogo quando recebi convite para ir ao Haiti pesquisar os zumbis.
Esse acabou se tornando o tema do meu doutorado em Harvard, fiz os livros, mas no final o filme foi tão ruim, se tornou tão controvertido...
Um amigo professor uma vez chegou até a mim e disse, brincando, você quer se tornar um zumbiólogo, quer passar o resto da vida defendendo essa hipótese e correndo pelo Haiti procurando zumbis? Eu ri e disse que não.
Passei três anos no Haiti e quatro anos no total pensando sobre vodu e escrevendo os dois livros, realmente já disse tudo o que eu queria dizer. Tinha muito mais interesse em questões gerais de cultura, e já tendo estado no Haiti queria ir pra outro lugar.
Era hora de mudar. Escrevi mais 14 outros livros, fiz outros filmes e agora sou um explorador pela ”National Geographic”, celebrando as maravilhas das outras culturas. O que eu sempre quis fazer é tentar expôr os equívocos que temos sobre o outro. E foi isso que tentei fazer no Haiti.

G1 – Durante o tempo em que passou lá, você fez diversos amigos no Haiti. Teve notícias deles após o terremoto recente em Porto Príncipe? Acha que a religião vodu teria uma resposta diferente a eventos como esse?
Davis - Sim. Um dos meus amigos é uma figura importante em “A serpente e o arco-íris”. Mas ele e sua família estão bem. Os africanos dizem que nenhum evento tem uma vida própria sua, e tenho certeza de que haverá fortes consequências psicológicas.
Mas isso acontece em qualquer cultura. Todos se fazem a pergunta fundamental: por que nós, por que agora, por que isso aconteceu depois de tudo o que passamos?
Afinal, era isso que os americanos estavam se perguntando depois dos ataques de 11 de setembro: por que eles nos odeiam?
Por que isso está acontecendo? Acho que essa é uma resposta bastante universal para cataclismas tão inesperados. Mas uma coisa importante para a comunidade mundial se lembrar é quanto o Haiti já deu para o mundo.
Quando aquele homem horrível - Pat Robertson - disse aquilo sobre o terremoto e o pacto com o diabo, ele não estava só revelando sua loucura e crueldade mas também sua própria ignorância sobre a história americana.
Se não fosse pela revolta dos escravos e patriotas haitianos, os americanos estariam provavelmente falando francês a oeste do Mississipi.
Porque Napoleão no alto de seu poderio chegou a mandar um batalhão para ir ao Haiti, massacrar a revolta dos rebeldes, e então seguir até Nova Orleans, onde deveria derrotar as colônias espanholas e britânicas e restaurar o domínio francês. Os EUA devem uma boa parte ao Haiti por derrotar aquelas forças de Napoleão.

Agora é hora de a comunidade internacional se unir pelo Haiti. E há tanto que pode ser feito. Os haitianos sofreram por tanto tempo, e o incrível é que em tempos de escassez as pessoas voltam suas mentes para a imaginação.
O Haiti é possivelmente tão interessante culturalmente quanto qualquer outro lugar nas Américas, essas pessoas têm uma reserva impressionante de espírito, de esperança e de poder.
Só se espera que essa capacidade possa ser usada e não permaneça sob o domínio de oficiais corruptos. O que o Haiti precisa é de investimentos reais, não de piedade.

Fonte: G1 Via: ArquivosDoInsolito
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Zumbis e Voodoo

14:14 0
Zumbi de Hollywood
No Haiti, na época do ditador François Duvalier, o Papa Doc, que presidiu o país com mão de ferro de 1957 a 1971, o governo, numa manobra psicológica inteligente, aproveitando o tradicional temor popular pela magia e os zumbis, espalhou o boato de que Duvalier era um houngan e sua esposa Simone uma mambu, dois poderosos sacerdotes da religião Vodu ou Sèvis Gine (Serviço Africano). Ainda segundo o boato, também mantinham sob o seu poder centenas de zumbis, ou “mortos ambulantes”, muitos deles de sua guarda pessoal, a milícia denominada Tonton Macoute, conhecida por sua brutalidade.
Milicianos Tonton-Macoute
Seu filho o ditador Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, herdou o governo e a fama, tiranizando o país até 1986, quando renunciou ao cargo de presidente e exilou-se na França.
Realmente não há provas de que os Duvalier fossem houngans, mas certamente eram devotos do vodu. Alguns de seus ministros eram Bokors, feiticeiros genuínos.
O vodu é uma antiga religião originária de Benin na costa ocidental africana e é um importante elemento de coesão social em alguns países africanos como Togo e Gana.
Têm suas raízes na crença do povo Fon-Ewe e na atualidade conta com mais de quarenta milhões de seguidores sendo a crença majoritária em Benin e no Haiti.

No Haiti, a religião foi oficializada em 2003, alcançando o mesmo status das religiões cristãs. Não se trata do estereótipo comumente aceito de sacrifícios de sangue, bonecas espetadas, maldições e “mortos-vivos”.
É uma religião animista perfeitamente estruturada e complexa, que se baseia no culto aos antepassados, que muitas vezes são elevados à condição de divindades, e a natureza, combinando elementos do cristianismo como velas, batismo, orações e o sinal da cruz.
Os cultos são presididos por sacerdotes denominados houngan (masculino), mambu (feminino) e hounsis (iniciados assistentes).
Possui um Deus principal, conhecido como Bondje ou Bon Dieu (Mawu na religião Fon e Ewe), espíritos voduns chamados de Loa e Iwa, sincretizados com os santos do catolicismo, os eguns, mortos ou ancestrais, um sistema divinatório regido por Fá, o vodun do destino e da adivinhação, semelhante ao Orixá iorubano feminino Ifá, popular no Brasil como a condutora do jogo de búzios.
Na África ocidental, as curas medicinais, os contra-feitiços, e previsões, são responsabilidades dos Inyangas, ou curandeiros, papel geralmente cumprido por mulheres, e correlacionado nas Américas as ialorixás, babalorixás (sacerdotes de Orixás) e aos babalaôs (sacerdotes do culto de Ifá) do Candomblé. 
O termo vodu é uma transliteração do francês “vous tous” que significa “todos vocês”, mas em sua origem poderia também significar “espíritos” e derivaria do termo vodun do idioma Dahomey.
Nos séculos XVI e XVII o comércio de escravos tornou-se para os europeus e muitos reinos africanos a atividade mais lucrativa.
No Daomé o rei Agadjá (1716-1740) e seus descendentes empenharam-se em uma guerra com os reinos vizinhos e conquistaram o reino de Benin, transformando sua capital Ouidáh de onde se originara a dinastia, no maior mercado de escravos da África.
Tornaram-se vassalos do poderoso reino de Oiá que praticamente detinha o monopólio da escravidão. Os prisioneiros de guerra das várias etnias dominadas, principalmente os iorubás, eram vendidos ou trocados por produtos manufaturados e armas.
As guerras tribais foram encorajadas pelos europeus, que ao longo da Costa do Esqueleto construíram diversas fortalezas para o mercado em expansão no Caribe e nas Américas. A religião desse modo se tornou o elemento unificador entre os prisioneiros, o fator comum que os unia na busca pela liberdade.
No Brasil, escravos sudaneses de fé islâmica, das etnias hauçá e nagô que sabiam ler e escrever em árabe, muitos deles mais cultos que seus senhores, organizaram a revolta Malê em Salvador no estado da Bahia em 1835.
Nessa ocasião os revoltosos propunham o fim da religião católica imposta pelos escravocratas, o assassinato de brancos e mulatos, e a implantação de uma monarquia islâmica com a escravização de todos os não muçulmanos. O golpe de estado fracassou e a rebelião foi contida violentamente pelo governo. 
A proposta malê era semelhante à ocorrida no Haiti em 1804 quando foi declarada a independência.
Jean Jacques Dessalines foi eleito governador vitalício, mas não satisfeito coroou-se imperador como o fez Napoleão Bonaparte no mesmo ano.
Dessalines perseguiu o catolicismo e ordenou a execução de toda a população branca, mas devido a sua tirania foi assassinado por seu próprio povo em 1806.
A tradição vodu dos fetiches e deuses, rituais e herbolários foi preservada em todas as comunidades de escravos nas Américas com vários nomes: Hoodoo nos Estados Unidos e sua variante de Nova Órleans o Voodoo, Vodun Jeje e Candomblé no Brasil, Santeria ou Regla de Ocha e La Regla Arara em Cuba, Porto Rico, Trinidad e São Domingos, Palería na Venezuela.
Nova Órleans nos Estados Unidos foi o berço da mais famosa rainha do voodoo no século 19, Marie Laveau, que viveu de 1794 a 1881.
Marie Laveau
Túmulo de Marie Laveau

Iniciada por um lendário feiticeiro, o dr. John, que lhe ensinou a preparar o feitiço gris-gris, Marie em sua época foi considerada a mais poderosa mambu ou feiticeira da louisiana, e até hoje seus adeptos acreditam em seu poder, e utilizam sua sepultura no cemitério Saint Louis, para a prática de cerimônias e depositório de oferendas mágicas.
Marie freqüentava a alta sociedade sulista, e como boa católica, colaborava com as obras de caridade do pároco da catedral de Saint Louis, o padre Antoine, que inclusive, permitia a realização de cerimônias Voodoo no altar mor da catedral. 
A prática das bonecas espetadas como magia analógica, é uma característica do Voodoo da Louisiana, e não tem suas origens no Vodu haitiano, mas sim no método mágico de correspondência analógica europeu, e tornou-se associada ao Vodu tradicional devido à imaginação dos roteiristas de Hollywood.
Principalmente no interior do Haiti, nas comunidades Maroons, a religião vodu e o islamismo criaram raízes, apesar da repressão católica. Suas práticas e ritualísticas pouco diferiam da original africana apesar da influência indígena e européia.
Em 1740 um houngan de origem muçulmana, François Macandal, liderou uma rebelião contra os senhores franceses planejada durante as cerimônias vodu, incentivando os praticantes do culto a envenenarem os poços das plantações para gerar o pânico.
A guerrilha e o terror duraram 18 anos, até que em 1758 Macandal foi preso e sentenciado à morte na fogueira. Porém, antes da fogueira ser acesa, amaldiçoou seus captores e profetizou que nenhuma autoridade branca poderia matá-lo.


Durante a execução, as chamas tomaram seu corpo e a estaca que o prendia. Suas correntes com o fogo se soltaram e caíram ao chão. Uma lenda foi criada e seus discípulos passaram a acreditar que Macandal se transformara em um guédé, espírito vodu.
A influência do vodu ficou mais forte e a autoridade das igrejas cristãs foi abalada irremediavelmente. Os católicos lideraram uma campanha para estigmatizar o vodu como magia negra e malévola, mas a rebelião dos escravos Maroons renegados ganhou força e ímpeto.
Desse modo o vodu passou a ser usado para amedrontar os senhores brancos e a coagir os escravos das plantações que não aderiram aos insurgentes e que temiam os espíritos invocados, como os loupgarous, vampiros que sugam o sangue de crianças e o baron samedi (barão sábado) ou, maman brigit, senhores do submundo, as primeiras pessoas a serem enterradas em um cemitério de igreja, e que se transformam em guédés, os espíritos dos mortos guardiões dos cemitérios.
As revoltas se sucederam até 1º de janeiro de 1804 quando foi declarada a independência do país.
Durante anos os zumbis foram considerados folclore, meros produtos da imaginação supersticiosa do povo haitiano, uma lenda para amedrontar os ingênuos, explorada exaustivamente pelos diretores de filmes b.
Zumbis seriam pessoas que tiveram a alma menor ou ti bon ange (pequeno anjo bom) roubada por um bokor ou feiticeiro no momento da morte ou logo após a morte. Essa alma menor, associada à penumbra e a consciência, convive com a gros bon ange (grande anjo bom) a alma que se manifesta no hálito e na sombra de cada um.

As duas habitam o corps cadavre (corpo mortal). O bokor, feiticeiro da magia negra, conservaria a alma do morto em uma garrafa e passaria a ter controle absoluto sob o corpo da vitima, agora um autômato, “morto-vivo”.

Mas por trás da história há uma realidade terrível que combina preconceito, escravidão, magia e controle social. Os bokors haitianos, à maneira dos sangomas, feiticeiros nigerianos e sul africanos que realizam os feitiços muti com ervas 
com esse propósito,conhecem muito bem as qualidades tóxicas e curativas inerentes a certas plantas e animais.

Um peixe em especial, da classe dos tetraodontiformes a qual pertence o peixe fugu japonês e o baiacu é de grande utilidade. Conhecida como droga dos zumbis, a Tetrodotoxina ou TTX é um dos venenos mais potentes conhecidos.
Baiacu
Sapo Atelopus

Essa neurotoxina, produzida por bactérias nas gônadas e outros tecidos viscerais dos peixes também é encontrada na pele de animais como salamandras, no sapo Atelopus da Costa Rica, em algumas espécies de polvo e no caranguejo xantídeo.

É um poderoso anestésico natural que pode matar em poucas horas ou paralisar a vítima. A pessoa envenenada fica em um estado semelhante à catalepsia, e consciente de tudo o que acontece ao seu redor.

A característica anestésica ímpar do veneno esta sendo estudada por laboratórios farmacêuticos americanos para um uso futuro na medicina e na exploração espacial aonde seria necessária a hibernação de astronautas em viagens prolongadas.

A toxina é habilmente manipulada pelos houngans que descobriram a fórmula mágica para a criação de mortos-vivos. Segundo especialistas, os zumbis são o produto da combinação de uma intensa pressão psicológica e de uma farmacopéia extravagante.

Geralmente a vítima do feitiço foi condenada socialmente, pode ser um doente mental ou alguém cujo comportamento não corresponde ao esperado.
Vítima real de um bokor

A família, ou vizinhos mais chegados, coloca em seus alimentos doses de TTX e outros narcóticos prescritos pelo feiticeiro, que aumentam durante o “tratamento” até o dia de sua “morte”. Tempos depois a vitima “morre” e é sepultada normalmente com todas ashonras.

De madrugada o Bokor vai ao cemitério e abre a sepultura obrigando a pessoa a ingerir o antídoto, uma pasta feita da planta psicoativa conhecida como “pepino dos zumbis”.

O novo “morto-vivo” acorda, mas em um transe semelhante à hipnose. Devido às seqüelas causadas pela falta de oxigenação cerebral e o estresse pós-traumático o individuo nunca mais será o mesmo.

Trabalhará e cumprirá ordens passivamente até morrer, e quando considerado incapaz ou tendo sofrido o suficiente é abandonado à própria sorte.

O problema no Haiti foi tão grave, que existe inclusive uma legislação específica para punir como tentativa de homicídio pessoas que utilizem substâncias para envenenar e reduzir alguém a um estado letárgico. Se após o letargo ocorrer um sepultamento o causador será acusado de homicídio doloso.



Obs: Em 2000 na Nigéria, membros do Congresso Odua de Povos prenderam em flagrante na cidade de Lagos, o nigeriano Yekini Ifalowo, pelo rapto de mais de cem jovens para suprir assassinatos rituais. Partes dos corpos (olhos, mamas, órgãos genitais) eram usados em feitiços muti, amuletos e tratamentos por curandeiros. Crimes semelhantes foram registrados na França e Espanha. Uma modalidade da santeria denominada Palo Mayombe, utiliza partes de corpos humanos para aprisionar espíritos.
 Uma grande parte dos 11 milhões de cubanos pratica a santería iorubá. Em Cuba é conhecida uma seita relacionada a santeria conhecida como Abakuá que venera a divindade Abassi. A seita segundo a lenda, utiliza um tambor sagrado confeccionado com pele humana denominado Ekwé, que necessita ser recado com sangue humano freqüentemente, e seria responsável por dezenas de assassinatos de mulheres e crianças.


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Reportagem visita terreiro de vodu no Haiti

14:10 0
Marie Rosemarite, mulher do chefe do terreiro de vodu no Haiti, abriu as portas e mostrou os artefatos religioso

Local de culto abre as portas e mostra os seus artefatos. Praticante explica os tipos de vodu e os misteriosos rituais da religião.



Vodu, magia negra, Haiti. Os três termos são sempre relacionados quando o assunto é uma religião que sincretiza tradições cristãs e africanas e que, apesar de reconhecida oficialmente na Constituição do país de 1987, atrai rumores de que incluiria sacrifícios humanos, transformação de pessoas em “zumbis” e até canibalismo.
Praticante do vodu, Marie Rosemarite, uma senhora de sorriso simpático, recebeu a reportagem do iG em sua casa marcada com o símbolo característico dos terreiros: uma bandeira do Haiti ou uma vermelha e preta, tremulando durante o dia, recolhida à noite.
O terreno, humilde, que serve também como orfanato, abriga o desconhecido. A escuridão da estrutura abalada no terremoto de janeiro de 2010 em Tabarre, bairro de Porto Príncipe, pede uma lanterna para ser visitada ao cair da tarde, substituída por dezenas de velas durante as cerimônias, que normalmente acontecem nas noites de sexta e domingo ou em datas específicas que, como na umbanda, não raramente coincidem com o calendário católico.
Por cuidar de crianças, a casa já recebeu ajuda dos brasileiros da Missão de Estabilização da ONU (Minustah, na sigla em francês).
Mas, segundo um oficial brasileiro, alguns dos soldados teriam ficado assustados. Ele disse que, ao verem o que acreditaram ser um crânio humano, os militares contaram discretamente o número de crianças no local com receio de que fossem usadas em sacrifícios. O suposto crânio, porém, não foi visto pelo iG.
Questionada, Rosemarite afirmou que no terreiro do seu marido, que estava trabalhando no momento da visita da reportagem, não há sacrifício humano.
Explicou que a modalidade de vodu praticada no local só inclui sacrifício de animais (bois, bodes e galinhas) em datas específicas, em oferendas às entidades.

“O nosso vodu é Franc Guinen, os outros, que envolvem sacrifício humano, são o Sampoil, Bizango e Makamba. Tem vodu que é direito, outros não, existem para fazer o mal. Nós sabemos que matam pessoas, mas não fazemos isso.

A parte externa do terreiro de vodu no Haiti, onde funciona o orfanato

O chefe do terreiro desse tipo de vodu se chama bruxo de duas mãos”, disse a senhora. Essas modalidades de vodu seriam praticadas, de acordo com os nativos, com mais frequência no norte do país e em Léogâne, ao sul de Porto Príncipe.

Os cômodos do terreiro

Sente-se um calafrio quando se entra em uma sala sem qualquer iluminação, onde estão os artefatos religiosos. Cada cômodo tem uma finalidade, um tipo de espírito a convocar.
Na primeira sala, uma estante coberta com um pano vermelho e outro branco. Em seguida, outra parecida, com um móvel coberto por pano vermelho.
Por fim, uma com artefatos cor de rosa, a sala para trabalhos amorosos. Só é possível enxergar tudo isso após o flash da câmera ser disparado.

O primeiro cômodo das cerimônias do vodu no Haiti. Cada objeto tem uma razão de ser

Outra parte do terreiro no Haiti tem bonecas representando entidades do vodu

O maior cômodo do terreiro de vodu no Haiti tem dezenas de objetos usados em diversos tipos de cerimônia

A parte com objetos cor de rosa serve para trabalhos amorosos no vodu do Haiti

Túmulo feito com um pedaço de telha e cruz de cimento, local para convocar uma das entidades em ritual de vodu no Haiti

Boa parte do terreiro de vodu no Haiti foi danificada pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010

O 'Tronco do Meio', usado para convocar as entidades mais poderosas do vodu no Haiti

Depois surge uma sala maior, mas completamente destruída pelo terremoto. “Vamos entrar, mas não podemos ficar muito tempo aqui. É arriscado”, adverte Rosemarite, referindo-se ao perigo de colapso do local.
No canto esquerdo, um pequeno túmulo feito com um pedaço de telha e uma cruz de cimento. O teto côncavo, pintado de azul, realça um grande artefato de madeira, chamado “Tronco do meio”. É onde são convocados os espíritos mais fortes, explicou.
O tronco, pontiagudo, traz duas serpentes entrelaçadas, também em madeira. Dali para frente, só escombros. Foi impossível continuar.

As datas do vodu

Rosemarite contou quais são algumas das datas importantes da religião. As principais são os dois primeiros dias de novembro, quando se realiza a “Festa dos Mortos”. Nela, sacrificam-se animais no terreiro.
Na véspera de Natal, 24 de dezembro, é preparado um banho de proteção para as crianças do orfanato. Em 6 de janeiro, há a “Festa do Papa Loco”, uma das entidades locais. Esse é o dia dos espíritos no vodu.
Os dias 1º e 2 de maio são de “Cousin (primo) Zaka”, espírito que trabalha a terra e, por isso, usam-se frutas como oferenda. Em 24 de junho, celebra-se o dia de “Tijan Dantó”, equivalente a São João Batista no catolicismo.

As práticas e os sacrifícios

Com um pouco de hesitação, Rosemarite começa a responder perguntas sobre os sacrifícios do vodu. Apesar de reiterar que seu terreiro não faz sacrifícios humanos, reconhece que, em alguns casos, podem ser feitos trabalhos de “ataque”.
“Por exemplo, se o marido troca sua mulher por outra e a ex-mulher pede um trabalho para reconquistar seu amado, fazemos uma cerimônia para ‘colocar fogo’ na casa (tornar a vida do novo casal insuportável) até que o marido volte para a mulher. Mas a gente não mata.”
Nas ruas do Haiti, ouvem-se rumores macabros, mas não há como comprovar até onde vão os boatos e começa a verdade.
Segundo alguns relatos, os sacrifícios humanos seriam realizados pelos “bruxos” de maior poder nos cultos.
As vítimas seriam escolhidas na rua para serem mortas e terem olhos e corações extraídos. De acordo com o que relataram à reportagem, os órgãos seriam comidos e o sangue, bebido.

Os zumbis

Outra simbologia relacionada ao vodu haitiano é o da figura dos zumbis, cuja descrição não é nada parecida com a dos mortos-vivos dos filmes “trash” da moda em Hollywood.
A vítima a ser transformada em zumbi seria envenenada com substâncias misteriosas (uma delas retirada do peixe Baiacu), que só o autor do trabalho saberia o antídoto.
Após ser induzida ao coma pela toxina, a vítima seria enterrada temporariamente para ficar com danos irreversíveis no cérebro. Após ser “ressuscitada”, se tornaria um zumbi sob o comando do bruxo que fez o trabalho.

Não é raro ver imagens representando santos católicos nos terreiros de vodu no Haiti

De acordo com a crença local, os zumbis andariam como pessoas normais, mas teriam olhar vago, perdido, e não conseguiriam falar normalmente.
Apontando para o fundo do seu terreiro, Rosemarite relatou o que seria um suposto caso de zumbi.

“Ali atrás, um homem supostamente matou outro. A pessoa foi enterrada, mas um ou dois dias depois apareceu andando, com as mãos amarradas nas costas.
Os autores do trabalho o levaram até a frente da casa de sua família e o espancaram brutalmente. Não sei qual espécie de mal ele havia feito para ter esse castigo.
O zumbi não tem vontade própria, não revida, só obedece. É usado para trabalhar para uma pessoa, seja em uma horta, ou para outras coisas piores”, disse.
Como o vodu no Haiti é praticado a portas fechadas, onde a entrada de uma pessoa de pele branca raramente é bem vista, um estrangeiro dificilmente conseguirá comprovar todas essas histórias.

Caça aos bruxos

Embora o vodu no Haiti já tenha sido uma religião extremamente popular, começa a perder espaço para outras vertentes, como o evangelismo. Isso porque há uma rejeição dos haitianos a quem pratica o vodu para fazer o mal.
Entre militares e alguns haitianos comenta-se que alguns dos chefes de terreiro têm sido assassinados sob a acusação de recorrer a uma prática hedionda.
Em vez de sacrifícios, usariam os chamados “lenços do cólera” para disseminar a doença, que deixou quase 3,9 mil mortos desde outubro no país.
“Cerca de 40 sacerdotes do vodu foram assassinados nos últimos meses. Parte da população acredita que eles foram responsáveis pela disseminação do cólera no país”, confirmou o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman.

Fonte: IG Via: ArquivosDoInsolito
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