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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Caça às bruxas, assassinato e maldade em Papua Nova Guiné

Caçadores de bruxas da Papua Nova Guiné


Uma maré de tortura e morte de mulheres inocentes ligadas a "bruxaria" e "magia negra" oprime a polícia da nação.

Quase todos os residentes de Koge observaram como Julianna Gene e Kopaku Konia foram arrastadas de suas casas, penduradas em árvores e torturadas durante várias horas com facões de mato.

Ninguém se prontificou para ajuda-las. Aos olhos dos aldeões, as mulheres eram feiticeiras. Mereceram morrer.

"Usaram seus poderes para encantar um homem e mata-lo," disse Kingsley Sinemane, um líder da comunidade. "Tivemos que nos livrar delas, pois podiam ter matado outros. Tivemos que proteger a nossa aldeia".

O dedo da suspeita apontou para as mulheres depois que um homem local morreu num acidente de carro.

Agora o único sinal do horror que aconteceu nesta remota aldeia da Papua Nova Guiné, é uma negra clareira carbonizada, onde ficava algumas dúzias de casas.

O medo do sobrenatural e o estigma de ser apontado como uma bruxa é tão grande que cerca de 30 dos familiares das vítimas foram perseguidos e expulsos da aldeia.

Sapatos virados para cima e alguns pacotes de roupas é tudo aquilo que permanece das suas vidas anteriores.

A maioria deles não teve para onde fugir quando espalharam que eram ligados as bruxas e agora são forçados a morar em favelas na cidade mais próxima.

Um aumento chocante nas mortes por bruxaria em Papua Nova Guiné obrigou o governo a constituir uma comissão parlamentar de inquérito, visando a endurecer a lei.

Joe Mek Teine, presidente da comissão de reforma de leis da nação, declarou publicamente que essas matanças de bruxaria "saíram do controle".

A maior parte da caça às bruxas acontece nas montanhas, em áreas remotas, destruídas por séculos de guerras tribais e disputas de sangue.

O contato com o exterior só foi estabelecido nos anos 1930, quando alguns dos muitos grupos étnicos ainda viviam como na idade da pedra.

Embora não exista nenhuma estatística oficial das matanças por bruxaria, mais de 50 foram informadas à polícia em somente duas províncias no ano passado.


O esquadrão de homicídios da delegacia de polícia de Kundiawa, em Simbu, uma província íngreme, que se acredita, é o epicentro da caça as bruxas, está lutando para conter a onda de assassinatos.

O Detetive Inspetor Blacky Koglame calcula que há até 20 matanças por mês somente nesta área, mas a maioria não é informada. A bruxaria é um assunto tabu e secreto, e as pessoas frequentemente ficam assustadas para testemunhar.

Um novo e preocupante crescimento desse tipo de crime, que historicamente é um fenômeno rural, é que ele agora se espalha para áreas urbanas, em povoados e cidades, devido a expulsão de famílias das aldeias por pobreza e lutas tribais.

Mount Hagen, a maior cidade nas montanhas, recentemente foi abalada por uma onda de matanças de bruxas, e até mesmo foram informados casos na capital, Port Moresby.

A crença na magia negra é tão enraizada que o governo reconhece legalmente a magia, protegida pela Lei de feitiçaria de 1976.

Permite a magia branca (cura ou ritos de fertilidade, por exemplo), mas a chamada magia negra é punível com até dois anos de prisão. Isso resultou em assassinos alegando que a motivação de seus crimes foi a magia negra, e pedidos de redução de sentença.


Acusar alguém de bruxaria é um crime, mas o detetive Koglame estima que menos de 1 por cento dos casos acabam no tribunal. Mesmo quando as testemunhas aceitam depor, ele admite que a polícia simplesmente não têm os recursos para investigar.

"Às vezes nós temos que tomar emprestado canetas e papel de denunciantes para escrever nossos relatórios, e nós não podemos ir a cena do crime pois não temos dinheiro suficiente para o combustível dos carros de patrulha," disse o Detetive Koglame.

"E de qualquer jeito, deter as pessoas é muito difícil. Todo o mundo na comunidade normalmente está envolvido, então você não pode procurar suspeitos, pois teria que deter a aldeia inteira, e isso é impossível".

Os acusados de bruxaria às vezes são julgados em cortes locais, por membros do conselho tribal da aldeia que distribuem sentenças de morte.

As matanças são cometidas principalmente por grupos de homens que primeiramente torturam as pretensas bruxas para fazê-las "confessar" seus crimes e as força a denunciar outras "bruxas".

Algumas aldeias têm mesmo grupos de vigilantes assassinos que atacam, logo que um suspeito é encontrado.

Em uma área nas profundezas das montanhas uma equipe de oito " caçadores de bruxas" alega ter torturado e matado 18 pessoas.

"Um caçador de bruxas recolhe informações de qualquer localidade onde exista um problema, depois capturamos as pessoas que são suspeitas de serem bruxas", disse o líder do grupo, um homem com a reputação local de ser um criminoso violento e que se recusou a ser identificado.

"É parte de minha cultura, da minha tradição, é a minha convicção. Me vejo como um anjo da guarda". "Sentimos que matamos por boas razões e estamos trabalhando para o bem do povo da aldeia", disse ele.

As caçadas quase sempre ocorrem após uma morte ou uma doença de um membro da comunidade. "A morte por causas naturais ou doença não são aceitas simplesmente ", disse o Pastor Urame Jack, um investigador do Instituto Melanésio e um dos principais especialistas do país sobre assassinatos ritualísticos.

"Portanto, sempre que alguém morre em uma aldeia, uma pessoa deve ser culpada", disse ele. Segundo o Sr. Urame as vítimas são normalmente mulheres mais velhas ou mulheres sozinhas, que não têm família para defendê-las. A caça às bruxas também pode ser usada como um pretexto para a resolução de conflitos fundiários, afirmou.

Umame Gamano sobreviveu a uma caça às bruxas após ser acusada de causar a morte de seu marido.

Uma de suas filhas a ajudou a escapar de uma multidão armada com facões, depois de ter sido levada para uma reunião da comunidade na qual aldeões a obrigaram a confessar que era uma bruxa.

Umame fugiu do vilarejo, deixando seus filhos para trás e não os viu desde o ataque que aconteceu há mais de um ano. Seus atacantes eram seus próprios parentes, e ameaçaram matar seus filhos se ela os visitasse.

"Eu não sei porque eles acham que eu sou uma bruxa, e eu não entendo por que eles acham que eu matei o meu marido", disse ela. "Eu o amava muito."


Fonte: The Independent
arquivosdoinsolito.blogspot.com

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