Grupo obteve colágeno, proteína importante para músculos e ossos. Pesquisa busca acabar com dúvidas sobre conservação de moléculas.
Agora não restam mais dúvidas: moléculas orgânicas que compunham o corpo de um dinossauro há dezenas de milhões de anos podem, sim, sobreviver ao ataque do tempo.
Num trabalho que chega a ser obsessivo, de tão cuidadoso, pesquisadores dos EUA e do Reino Unido comprovaram a presença de colágeno e osteocalcina, duas proteínas comuns no tecido ósseo e muscular de bichos atuais, num dino herbívoro de quase 80 milhões de anos, o Brachylophosaurus canadensis.
É provavelmente o mais próximo que vamos chegar de um "bife" dinossauriano -- ou melhor, de uma coxinha, já que o tecido foi obtido a partir do fêmur do animal (ou seja, do osso da coxa).
E as proteínas obtidas mostram que a espécie, assim como os demais dinos, é geneticamente mais próxima das aves do que de qualquer outro vertebrado ainda vivo.
A análise, coordenada por Mary Higby Schweitzer, da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), e publicada na edição desta semana da revista especializada americana "Science", trouxe à luz uma série de elementos do organismo do finado dinossauro, incluindo vasos sanguíneos, células (possivelmente com núcleos) e a matriz extracelular dos ossos (a "cola" orgânica que mantém as células unidas).
Schweitzer e companhia se dispuseram a vencer uma controvérsia que os atormenta desde 2007, quando eles realizaram o mesmo feito com fósseis de tiranossauro, o supercarnívoro de 12 metros da Era dos Dinossauros.
A pesquisadora Mary Higby Schweitzer trabalha nas amostras em laboratório (Foto: Kelly Gorham/Montana State University)
Críticos da pesquisa apostavam que as supostas proteínas dinossaurianas na verdade teriam sido produzidas por bactérias que "comeram" o osso original e ficaram alojadas no fóssil.
Para derrubar essa contra-hipótese, os pesquisadores realizaram uma escavação controlada, com sistemas de isolamento impedindo qualquer tipo de contaminação do osso.
Depois, usaram todo tipo de teste, incluindo o uso de anticorpos específicos para colágeno de aves no material extraído do osso.
Os anticorpos foram capazes de "grudar" nas moléculas obtidas do fóssil de dino, o que só pode indicar, segundo eles, que as proteínas não são de bactérias, mas de dinossauros.
Ao analisar a sequência de aminoácidos ("tijolos" moleculares que compõem as proteínas) do colágeno dinossauriano, os pesquisadores também mostraram que ela indica parentesco com tiranossauros e aves modernas, como seria de esperar.
Agora, resta saber se será possível extrair outras proteínas dos ossos de dinos, além de entender como essa preservação impressionante se deu ao longo de quase 80 milhões de anos.
Fonte: G1
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