O autor era Morris K Jessup, um astrônomo formado pela Universidade de Michigan, onde ele também palestrou por um tempo. Mas Jessup também era um apaixonado investigador OVNI. Depois de publicar seu livro ele começou uma série de conferências públicas para promover sua publicação. Em janeiro de 1956 Jessup recebeu uma carta de alguém que obviamente assistiu a pelo menos uma de suas conferências e também leu seu livro. A carta comentava sobre o que Jessup escrevera sobre os OVNIs e em certo ponto havia uma referência a um incidente incomum.
De acordo com a carta, em outubro de 1943 um experimento ultra-secreto foi conduzido pela Marinha dos EUA. O resultado da experiência foi a invisibilidade e teleporte de um destróier dos EUA, enquanto no mar.
A carta era assinada por um certo Carl Allen, que também usou o pseudônimo de Carlos Miguel Allende. De acordo com Allen o Experimento era de fato uma aplicação prática da Teoria de Campo Unificado de Einstein.
A história de Allende
Allen afirmou que em outubro de 1943, enquanto estava a bordo do navio Liberty USS Andrew Furuseth na área de Norfolk Va, um navio, do tipo destróier, subitamente surgiu de lugar nenhum, parcialmente coberto por uma névoa verde de forma esférica. O navio permaneceu por apenas alguns minutos e então desapareceu novamente. Ele também menciona que de acordo com um jornal da Filadélfia observadores np Estaleiro da Filadélfia testemunharam exatamente o evento oposto, um navio desaparecendo e então voltando outra vez. Ele de fato alega que o navio foi teleportado da Filadélfia para Norfolk em questão de minutos (a distância real requer aproximadamente 24 horas).
A história de Allen continua, relatando vários incidentes estranhos considerado como efeitos da experiência nos tripulantes a bordo do destróier. Um deles segundo relatos simplesmente desapareceu no meio de uma briga de bar, outro "entrou" em uma parede em frente dos olhos de sua família e nunca mais retornou, e quase todos eles sofreram problemas psicológicos sérios e tiveram que ser hospitalizados. A opinião de Allen é que a experiência saiu de controle e os resultados amedrontaram as pessoas no comando, resultando no encerramento de todo o projeto três anos depois.
Jessup não estava convencido pelas alegações selvagens de Allen e pediu evidência mais substancial para o incidente. A resposta de Allen veio em 25 de maio de 1956, e não forneceu a evidência que Jessup esperava. Além da falta de evidência, as cartas de Allen estavam cheias de palavras em maiúsculas, orações e teorias incoerentes e uma mistura de teorias que soavam científicas e deduções irracionais. Subseqüentemente Jessup deixou o assunto de lado e não prestou atenção adicional à história.
Carta de Allen 1 [não traduzida]
Carta de Allen 2 [não traduzida]
O Escritório de Pesquisa Naval (ONR - Office of Naval Research)
Um ano depois, na primavera de 1957, Jessup recebeu um convite para uma reunião do Escritório da Marinha de Pesquisa Naval. Foi-lhe apresentada uma cópia de seu livro repleta de anotações. As anotações estavam em três cores diferentes e aparentemente em três letras diferentes, assim de três pessoas.
As anotações reproduziam a história de Allen relativa ao suposto Experimento Filadélfia e se estendia bastante em comentários sobre viagem interplanetária, sistemas de propulsão de OVNIs, as teorias de Einstein e Tesla, tudo isso usando linguagem e terminologia sugerindo conhecimento e treinamento científicos acima da média.
Jessup reconheceu pelo menos uma das caligrafias como de Allen, enquanto o estilo e formato das anotações se assemelhavam fortemente às cartas de Allen.
Em um ato bastante estranho e questionável, oficialmente considerado pela Marinha como "uma iniciativa privada de certos funcionários do ONR", o ONR republicou o livro anotado, com as cartas de Allen em forma de prefácio, em um número limitado de cópias (a quantidade não foi firmemente estabelecida e parece variar de 10-130 cópias). Esta versão do livro de Jessup ficou conhecida como a "Edição da Varo", nome da companhia que lidou com a publicação.
Jessup se suicidou dois anos depois, em abril de 1959, porque estava enfrentando séria angústia psicológica devido a problemas matrimoniais. O que aconteceu durante esses dois anos é desconhecido. É quase certo que Jessup recuperou seu interesse pelo caso, por causa do interesse do ONR, e provavelmente contatou novamente Allen. Jessup também discute o assunto com amigos e colegas e o Experimento Filadélfia se torna mais conhecido, atraindo o interesse de mais pessoas.
O período dos livros
O paradeiro de Allen não foi firmemente estabelecido durante os anos seguintes. Acredita-se que ele passou muito de seu tempo no México e viajando pelos EUA, como um andarilho ou cigano.
Por volta do fim dos anos 60, muitos investigadores começam a se interessar pela história de Allen, escrevendo artigos e livros. Em 1967 três livros, lidando direta ou indiretamente com a história, foram publicados:
- "The Allende Letters", de Brad Steiger
- "Uninvited Visitors", de Ivan Sanderson (Sanderson era amigo de Jessup e muitas pessoas tendem a acreditar que Jessup revelou a ele vários pontos obscuros relativos ao envolvimento do ONR)
- "Anatomy of a Phenomenon", de Jacques Vallee
Steiger e Valee se corresponderam com Allen, recebendo informações e fazendo perguntas.
Em 1969 outro incidente estranho tem lugar. Allen aparece no Escritório de Pesquisa de Fenômenos Aéreos (APRO) em Tucson, Arizona, onde confessa que toda a história é uma fraude que ele inventou.
Allen reaparece sendo entrevistado por Moore & Berlitz em "The Philadelphia Experiment" em 1979. Ele volta atrás em sua confissão, sem se explicar muito, e se atém novamente à história inicial. Este livro é de fato o que tornou a história do Experimento Filadélfia famosa e lendária. Para muitas pessoas é a pesquisa mais consistente no assunto. Moore diz que trocou várias cartas com Allen e que também o encontrou pessoalmente.
A última aparição de Allen registrada de forma confiável foi em 1983, em uma entrevista a Linda Strand. Acredita-se que Allen morreu em 1994 em Colorado, de acordo com os registros da Previdência social.
Outra fonte
Durante os anos 80, outra testemunha ocular surgiu. Desta vez era Al Bielek, que alega que era o responsável pela eletrônica a bordo do navio do Experimento Filadélfia. De acordo com Bielek, o Experimento ocorreu em duas fases, em 23 de julho e 12 de agosto, e não em outubro.
Sua história pessoal é ainda mais incrível. Ele afirma que a experiência não só resultou no teleporte do navio, mas também em viagem no tempo. Bielek diz que viajou no tempo a 1983, e então voltou novamente para acabar com o experimento. Ele também alega que sofreu lavagem cerebral para esquecer tudo, e que suas recordações só voltaram depois de assistir ao filme "The Philadelphia Experiment". De acordo com Bielek, experimentos semelhantes estavam sendo conduzidos em instalações ultra-secretas durante os anos 70 e 80, e ele também fez parte dessas experiências. Líderes do experimento inicial de 1943 eram três figuras proeminentes: Nikola Tesla (embora estivesse morto desde o início de 1943), Albert Einstein e John Von Neumann.
Bielek tem sustentado sua história apaixonadamente através de uma série de conferências, livros, entrevistas, e até mesmo vídeos, incluindo vários detalhes científicos (seu Ph.D. em Física sendo-lhe muito útil).
De vez em quando, outros aparecem também, a maioria alegando ter estado a bordo do navio como pessoal científico e técnico, mas suas histórias são muito semelhantes às de Bielek e extremamente consistentes com o roteiro do filme de 1984, "The Philadelphia Experiment".
A identidade do navio
A primeira referência sobre a identidade do navio está no livro de Moore & Berlitz. De acordo com Allen e as investigações dos autores, o navio era o destróier escolta DE-173 Eldridge.
Era um destróier de escolta da classe Cannon de 1240 ton. De acordo com a Marinha o navio foi comissionado em agosto de 1943 e usado como uma escolta de comboio no Atlântico e mediterrâneo até 1945, quando foi transferido para o teatro do Pacífico. Em julho de 1946 o Eldridge entrou para a Frota Reserva.
Com relação ao período de tempo crítico, os registros oficiais da Marinha dos EUA indicam:
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27 de agosto de 1943, comissionado o navio no Estaleiro Naval de N. York;
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16 de setembro, o navio ruma para as Ilhas Bermudas para sua viagem inaugural;
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18 de outubro, retorna para N. York escoltando um comboio;
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Permanece em N. York até 1 de novembro quando viaja para Norfolk escoltando o comboio UGS-23, e no dia 3 de novembro o navio parte para Casablanca com o comboio;
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17 de dezembro, retorna para N. York escoltando o comboio GUS-22;
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Permanece em N. York até 31 de dezembro quando viaja a Norfolk.
Em janeiro de 1951 o navio foi entregue à Marinha grega como parte do programa de ajuda militar, junto com três outros destróieres Cannon. Estes quatro navios ficaram conhecidos na Marinha grega como as "quatro bestas" por causa dos nomes que receberam: Aetos (Águia), Ierax (Falcão), Panthir (Pantera) e Leon (Leão). Dois destes navios se tornariam bem conhecidos nos anos seguintes. Aetos "estrelou" em alguns filmes ("Os Canhões de Navarone" entre eles) e Leon, D-54, como o ex DE-173 Eldridge, ou o navio do Experimento Filadélfia.
Muitos investigadores citam oficiais e marinheiros que serviram a bordo do Leon a respeito de situações estranhas. Foram feitos relatos sobre instalação elétrica que não devia estar onde está, começando de lugar algum e levando a nenhuma parte. Outros alegam que há compartimentos do navio que parecem ter sido lacrados. E muitos também dizem que os marinheiros normalmente tiveram calafrios, sentindo algo estranho no navio. Também foi dito que as páginas do diário de bordo que correspondem ao período de tempo crucial estão faltando.
Outros relatos se referem a problemas de radar e comunicação de outro navio Cannon, o navio irmão do Leon, o Aetos. Eles contam sobre o Aetos ter desaparecido do radar durante exercícios da Frota grega e às vezes apresentando problemas sérios de comunicação sem qualquer razão aparente. Assim há uma teoria de que durante a entrega dos navios para a Marinha grega houve uma "troca" dos navios para obscurecer os rastros do Eldridge.
O Leon serviu na Marinha grega até 1991, quando foi decomissionado e transferido para a Base Naval de Amfiali. O navio foi descartado para o ferro velho durante a segunda metade dos anos 90. O Aetos também foi decomissionado em 1991 e doado pelo governo grego à Associação de Marinheiros de Destróier Escolta. O navio foi levado por um rebocador russo para N York, e chegou ao museu Intrepid no dia 23 de agosto de 1993. Permaneceu lá até 1994 e foi restaurado à sua configuração de 1944. O navio foi recomissionado no dia 30 de abril de 1994 sob seu nome original, USS Slater DE-766. Em 1997 o navio viajou até Albany, NY, onde ancorou permanentemente como um museu náutico. O navio não é possuído pela Marinha de EUA, mas sim pela Associação de Marinheiros de Destróier Escolta e é listado no Registro de Lugares Históricos Nacional e do estado de Nova Iorque. Para o registro, o navio foi inicialmente comissionado no dia 1º de maio de 1944.
TEORIAS
Há duas teorias básicas relativas ao Experimento Filadélfia.
A primeira, apoiada por aqueles que sustentam o "evento misterioso", aceita que uma experiência altamente classificada aconteceu, objetivando aplicar as teorias de Einstein e Tesla para obscurecer visual e eletronicamente um destróier dos EUA. A maioria das pessoas acredita que a experiência teve efeitos trágicos na tripulação do navio e produziu fatos científicos que eram altamente inesperados e talvez até mesmo tenha criado uma anomalia do espaço-tempo.
A segunda teoria, a dos céticos e da Marinha dos EUA também, é a de que nada descrito acima aconteceu. Allen confundiu conversas que ouviu e tratavam do degaussiamento [degaussing] de navios para protegê-los contra minas e torpedos magnéticos (torná-los "invisíveis" a dispositivos ativados por magnetismo). Talvez Allen também tenha interpretado mal, intencionalmente ou não, outros dispositivos experimentais, mas não exóticos, que estavam na ocasião montados em navios, como parafusos de novos tipos, novos sonares, etc.
Na realidade o procedimento de degaussiamento, falando tecnicamente, se assemelha muito às descrições de Allen. É alcançado por um campo eletromagnético criado por fios correndo ao longo do corpo principal do navio.
PONTOS PRINCIPAIS
Tendo recitado os eventos históricos e as duas teorias principais, está na hora de um exame detalhado desta história que, inacreditável como possa parecer, se tornou um dos mitos do século 20.
Testemunhas e evidência
Os dois homens que se supõe sejam as testemunhas principais, Allen e Bielek, não se ajustam exatamente na descrição de uma testemunha confiável. Especialmente Bielek, que de fato recita o roteiro de um filme, o mesmo filme que ativou sua memória perdida há tanto tempo. A única razão pela qual ele é considerado como uma testemunha por muitos investigadores parece ser seu conhecimento detalhado de questões científicas e técnicas relativas ao eletromagnetismo, Teoria Unificada de Campos e suas possíveis aplicações. Em todo caso ele não ofereceu sequer uma única resposta ou prova convincente, algo que simplesmente o torna uma "não testemunha" a qualquer investigador sério. O mesmo se aplica a outras "testemunhas", como alguém chamado Dune que insiste que a experiência era, desde o princípio, uma experiência de viagem no tempo. Dune surgiu de lugar algum nos anos 90 e começou a vender suas "experiências" na forma de livros, conferências e fitas de vídeo.
O caso de Allen parece ser diferente. Ele sempre foi rodeado por mistério, até mesmo em sua vida pessoal. Contudo, se examinarmos sua história, a maioria das coisas que ele diz não são situações que ele realmente testemunhou ou teve um envolvimento pessoal, mas principalmente histórias que ele ouviu e leu.
Para começar, foi confirmado que ele de fato serviu a bordo do USS Andrew Furuseth durante o período ao qual ele se refere. A única coisa que ele realmente alega que viu foi o navio cercado por uma névoa esverdeada durante alguns minutos em Norfolk. Ele nunca viu as preparações para a experiência, o navio desaparecendo da Filadélfia, o retorno do navio para a Filadélfia, o desaparecimento do marinheiro em um bar ou em qualquer outro lugar. Tudo isso é testemunho indireto, coisas que ele leu nos jornais ou ouviu em histórias, como ele mesmo diz. Por exemplo, ele se refere a um jornal da Filadélfia que tinha publicado um artigo relativo ao desaparecimento de um navio no estaleiro durante uma experiência da Marinha, contudo ele não pôde recordar qual jornal e em que data. O artigo nunca foi encontrado ou lido por qualquer outra pessoa.
Assim, parece que não há nenhuma testemunha confiável ou evidência positiva relativa ao Experimento Filadélfia. Talvez este artigo pudesse terminar aqui mesmo. Mas, pela objetividade, vamos seguir e examinar alguns outros aspectos importantes da história.
O período de tempo
Allen e Bielek não conseguem concordar em uma coisa muito importante: a data em que a experiência aconteceu. Suas histórias dão duas datas diferentes com uma diferença de dois meses. Se nós assumirmos que a experiência realmente aconteceu e a data apresentada por Allen é acurada, então a experiência aconteceu depois do comissionamento oficial do navio. Isso significa que mais de 50 anos depois alguém da tripulação teria falado sobre o experimento (isto também inclui o caso de que a tripulação fosse levada para longe do navio). Pelo contrário, as pessoas que serviram a bordo do Eldridge se divertiram muito durante seu reencontro em 1999, e pareceram se divertir bastante com a fama de seu antigo navio.
A história de Bielek não tem esta falha já que a data dele está antes do navio ser comissionando, significando que a experiência poderia ter sido realizada com uma tripulação apenas para o experimento. De acordo com Bielek, aqueles da tripulação que sobreviveram à experiência foram levados a instituições de tratamento psiquiátrico do exército, tanto porque precisavam quanto para assegurar seu silêncio. Para Bielek, isto explica também a falta de outras testemunhas. Um pensamento realmente cético seria que Bielek foi mais cuidadoso ao preparar sua história, em todo caso ele teve a vantagem de ser o segundo, depois de Allen.
O navio da experiência
Uma observação muito lógica seria a de que foi dedicada muita atenção à identidade do navio e isso é verdade. As razões principais para isso são:
- identificar o navio realmente poderia fornecer um rastro de evidência
- não há nenhum outro dado sólido para lidar com (ou para especular sobre)
Desde 1979, quando o livro de Moore & Berlitz revelou a identidade do navio, um debate começou sobre o Eldridge, "onde o navio estava no dia 12 de agosto, ou 28 de outubro?", "o navio foi entregue à Marinha grega?", "Leon ou Aetos é o Eldridge?", etc. É realmente tão importante? Vamos considerar os pontos seguintes:
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Por que a Marinha, para conduzir uma experiência bastante "exótica" e potencialmente perigosa, escolheu um destróier de operações anti-submarino novo em folha, e não um navio antigo da Marinha ou da guarda costeira, ou qualquer outro navio menos útil? É impossível acreditar que a Marinha considerava que uma experiência para tornar um navio física e/ou eletronicamente invisível seria completamente segura.
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Até mesmo se fosse decidido realizar uma experiência ultra-secreta em vista do público, usando um navio novo em folha, quão difícil seria confundir os observadores sobre a identidade real do navio forjando os números de registro? Algo assim seria razoável o bastante para manter secreta a identidade do navio "invisível". Trocar números de registro em navios era e ainda é uma prática comum para confundir a inteligência inimiga relativa ao arranjo, condição e movimento de unidades. Deve ser notado que havia aproximadamente 70 destróieres escolta da classe Cannon, idênticos ao Eldridge e um número igual da classe Evarts, quase idênticos.
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Se a experiência realmente tivesse lugar e o USS Eldridge fosse usado, por que deveria ser dado a outro país, até mesmo aliado, alguns anos depois? Se o navio não tivesse nenhum valor científico a coisa mais razoável a fazer seria usá-lo como um alvo para exercícios de treinamento de tiro. Muitos dos navios da classe Cannon terminaram desse modo. Adicionalmente, este seria um modo muito melhor para obscurecer o rastro de evidência que a doação para outro país, mesmo um tão remoto quanto a Grécia. Se o navio ainda fosse necessário por razões científicas (por exemplo, para estudar efeitos de longo termo em ligas) seria bem mais razoável manter o navio nos EUA, na Frota Reserva (alguns dos destróieres Cannon sobreviveram até o começo dos anos 70) ou como um monumento em um porto da costa Atlântica. Em todo caso a coisa mais razoável a fazer seria entregar à Marinha grega outro navio, supostamente o Eldridge, enquanto ao mesmo tempo o Eldridge permaneceria nos EUA sob a identidade de outro navio.
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Muita especulação foi baseada no fato de que as páginas do diário de bordo relativas ao período crucial estão faltando no Leon. Mesmo que a experiência acontecesse a bordo do USS Eldridge e o navio fosse entregue então à Marinha grega tornando-se o Leon, quão difícil seria forjar um diário? É verdade que o diário de bordo de um navio é algo sagrado a marinheiros, mas quando se relaciona a um dos esforços científicos mais importantes da raça humana, talvez comparável apenas ao uso do fogo, então até mesmo essa regra poderia ser ou pelo menos seria violada.
Parece que mesmo se o experimento realmente ocorreu, o navio que esteve envolvido nunca serviu na Marinha grega. Com relação às histórias e lendas que acompanham o Leon ou o Aetos, é um segredo comum que os marinheiros desde Ulisses são talvez os melhores contadores de histórias. Isto nem sempre é intencional e aqueles que serviram como tripulantes de um navio podem entender facilmente.
As teorias científicas
Normalmente, a maioria dos artigos relativos ao Experimento Filadélfia incluem análise bastante detalhada da Teoria Unificada de Campos, eletromagnetismo, testes práticos de como dobrar a luz é possível, a natureza dimensional de tempo e propriedades. Mas o ponto não é se é cientificamente possível alcançar invisibilidade ou viagem no tempo, pelo menos não nos artigos que investigam o experimento. É claro, examinar essas teorias é da maior importância para a humanidade. Mas a lenda da experiência não foi construída no argumento de se é possível ou não, é a questão de se realmente aconteceu ou não. Em todo caso tanto Allen quanto Bielek alegam que não teve êxito, ou pelo menos que saiu de controle. A falta de uma base científica e/ou de capacidade técnica não prova necessariamente que as histórias de Allen ou Bielek não são verdadeiras, e vice-versa.
Invisibilidade eletrônica é uma questão de grande interesse a todas as forças armadas. Hoje há aeronaves e navios que têm tais capacidades derivando de forma e materiais usados para minimizar retornos de sinais (invisibilidade passiva, aviões invisíveis), ou uma combinação de invisibilidade passiva e controle de emissões.
Pesquisa e experimentos durante a Segunda Guerra
Infelizmente, desde o princípio da história humana, conflitos e aplicações militares em geral são algumas das fontes principais de avanços científicos e tecnológicos. O período de tensão durante uma guerra intensifica a pesquisa e acelera o avanço tecnológico, enquanto os lados opostos buscam modos de ganhar superioridade no campo de batalha.
A Segunda Guerra Mundial levou a vários avanços tecnológicos, embora muitos deles possam ser considerados de necessidade questionável. Exemplos destes avanços ou aplicações são as evoluções na produção de borracha sintética, aeronaves a jato, evolução do radar, métodos novos de produção industrial para aumentar a produtividade e atingir níveis altos de padronização e, é claro, o uso da força nuclear.
A maioria destas evoluções ou inovações foram resultado de projetos de médio ou alto sigilo, por razões óbvias. No topo desses projetos está o projeto Manhattan, pesquisando e testando a bomba atômica. Deve ser tomado como certo que havia um número significante de projetos que não produziram os resultados esperados ou pelo menos aplicáveis, e assim não se tornaram amplamente conhecidos. Alguns deles podem ter lidado com questões científicas que ainda são bastante obscuras.
Assim, uma experiência relativa a aplicações práticas do eletromagnetismo, ou da Teoria Unificada de Campos, para atingir invisibilidade física ou eletrônica de aeronaves, navios ou veículos de terra não deveria ser considerada como algo totalmente impossível de ter acontecido. Mas tal experimento teve lugar na Filadélfia envolvendo um destróier de escolta?
Por que tal experiência importante ocorreu na Base Naval da Filadélfia e não em outro lugar menos óbvio? Portos e bases como os em Nova Iorque, Filadélfia e Norfolk eram alguns dos pontos de observação favoritos para agentes alemães. Os agentes Abwehr costumavam escrever relatórios sobre a partida de comboios baseados nestas observações, que eles transmitiam ao seu comando.
Teorias de conspiração
A Marinha dos EUA negou oficialmente a existência de qualquer projeto de pesquisa relevante durante a Segunda Guerra. Em resumo, de acordo com a Marinha o experimento nunca aconteceu. Um ponto chave na história é o chamado de Jessup pelo ONR e a edição da Varo que se seguiu. A maioria dos investigadores nota este fato como muito intrigante e eles estão justificados nisto. Em 1956 a Marinha mostrou um interesse nas anotações incluídas no livro de Jessup e muitas delas se referiam ao Experimento Filadélfia. Oficialmente, tanto o interesse quanto a edição da Varo foram o resultado de um interesse e iniciativa privados por certos funcionários do ONR.
Parece que o interesse do ONR e a edição da Varo foram os eventos que de fato criaram a lenda do Experimento Filadélfia. Estes eventos criaram um sentimento de que a Marinha talvez tivesse algo a esconder.
CONCLUSÕES
A lenda do Experimento Filadélfia está baseada em uma história totalmente inacreditável e insubstanciada (Allen), um interesse verdadeiramente estranho e talvez suspeito pelo ONR (edição da Varo), uma tragédia pessoal (o suicídio de Jessup) e um truque de marketing (a identificação do navio). Falando em termos jurídicos, não há nenhuma evidência positiva ou qualquer prova sólida para dar credibilidade à história de Allen e sua apresentação no livro que é considerado o melhor no assunto (Moore & Berlitz). Há apenas uma evidência circunstancial, o interesse do ONR. E tudo isso depois de 45 anos de pesquisa e teorias.
Baseado em lógica simples pode-se assumir que a história do Experimento Filadélfia como é conhecida não é verdadeira. Provavelmente é o resultado de Allen ter entendido mal coisas que viu ou ouviu em combinação com uma imaginação vívida e criativa. Adicionalmente, a reprodução da história em todos estes anos por investigadores às vezes de boas intenções e outras vezes motivados por dinheiro e fama, amplificou o que realmente não deveria ser nada além de um bom roteiro de filme.
O único modo de provar que o experimento realmente ocorreu é a Marinha e o governo do EUA admitirem tal. Entretanto, isso também significaria que tudo o que foi dito e apoiado até hoje seriam mentiras.
Por outro lado sempre haverá aqueles que até mesmo sem uma única prova, mas apenas sobre evidência circunstancial, continuarão acreditando que em 1943, na Base Naval da Filadélfia, uma experiência misteriosa aconteceu, uma experiência cujos resultados questionam nossa visão cotidiana do mundo.
Fonte: ceticismoaberto
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