O F.V.E. (Fenômeno de Voz Eletrônica) é a gravação de vozes do outro mundo em fitas cassete, gravadores de rolo e outros equipamentos de gravação. Uma expressão mais recente para o fenômeno, Transcomunicação Instrumental (TCI), se refere especificamente à maneira pela qual as vozes são gravadas usando tecnologia.
Muitas das pessoas que gravam regularmente essas vozes dizem que elas são de espíritos: vozes de homens, mulheres e crianças que morreram e tentam se comunicar do além-túmulo. Como os espíritos não possuem mais um corpo com cordas vocais, eles não podem realmente "falar". Em vez disso, diz a teoria, eles usam sua energia para manipular eletronicamente o som de uma forma que se assemelha à voz falada.
As vozes raramente são ouvidas durante a gravação, mas somente durante a reprodução. Elas podem ser faladas tão baixo que mal podem ser ouvidas, ou tão distorcidas que precisam ser ouvidas várias vezes para se determinar seu significado.
As palavras podem estar em qualquer idioma, e até mesmo estar em uma combinação de idiomas (chamada poliglota).
Às vezes, a voz responde a perguntas ou se dirige diretamente ao pesquisador. Ela pode chamar a pessoa pelo nome ou mencionar algo muito pessoal para o pesquisador. Algumas vezes, a voz soa como se estivesse cantando.
Os pesquisadores classificam as gravações com base em sua audibilidade:
Classe A - as vozes estão muito claras e facilmente compreensíveis;
Classe B - as vozes são razoavelmente altas e claras e algumas vezes audíveis sem fones de ouvido;
Classe C - as vozes são faladas muito baixo e freqüentemente indecifráveis.
Independentemente de quão clara é a gravação, as vozes raramente falam por mais de uns poucos segundos de cada vez.
Os pesquisadores gastam horas ouvindo várias vezes para decifrar o significado por trás de apenas alguns segundos de som.
A HISTÓRIA DO FENÔMENO ELETRÔNICO DE VOZ (F.E.V.)
Muitos foram os que consumiram tempo e energia à procura de provas da existência de fantasmas: cientistas, pesquisadores da paranormalidade e caça-fantasmas. A maioria labutou em silêncio e na obscuridade. Mas quando a caça aos fantasmas capturou as atenções de um gênio científico, cujos feitos incluíam a introdução da luz elétrica e a invenção do fonógrafo, o mundo inteiro apurou os ouvidos.
Edison, ao que parece, pretendia trabalhar em um aparelho que os fantasmas pudessem utilizar para se comunicar com os vivos. Não que Edison admitisse acreditar em fantasmas.
Seu desejo, disse ele a um repórter em 1920, era simplesmente construiu um aparelho que daria aos espíritos, caso existissem, “uma oportunidade melhor de se expressar do que inclinando mesas, dando batidinhas, usando médiuns ou outros desses métodos primitivos tidos como os únicos meios de comunicação.”
Nas palavras do próprio Thomas Edison, “o aparelho seria tão sensível que o menor sinal por ele captado se amplificaria muitas vezes, tornando-se tão valioso ao pesquisador da paranormalidade quanto um microscópio para o cientista”.
Se o idoso Edison tinha ficado senil, como muitos céticos sem dúvida imaginaram, ou se estava decidido a obter para a pesquisa psíquica um lugar de respeito na comunidade científica, não se sabe. Seu aparelho para entrar em contato com os fantasmas continuava envolto em sigilo, talvez mal-sucedido, quem sabe incompleto, por ocasião de sua morte, em 1931. A teoria dele, porém, foi adotada e alguns diriam provada acidentalmente em 1950 por um pintor, músico e produtor de cinema chamado Friedrich Jürgenson, russo de nascimento.
Jürgenson, que morava nos arredores de Estocolmo, tinha saído para registrar o canto de pássaros com seu gravador. Na volta, ao tocar a gravação, percebeu – misturado ao canto dos passarinhos – algo que lhe pareceu serem vozes humanas falando em sueco e norueguês.
Embora as vozes parecessem estar conversando a respeito dos trinados, Jürgenson pensou a princípio ter gravado uma transmissão de rádio extraviada. Mas gravações subseqüentes continham sons que ele interpretou como sendo mensagens de amigos e parentes mortos.
Essas ditas comunicações eram faladas muito rápido e com uma cadência peculiar, desconhecida ao ouvido.
Jürgenson repetiu a experiência durante alguns ano, gravando sons espectrais tanto dentro quanto fora de casa. Em 1964 publicou suas descobertas em um livro intitulado “Vozes do Universo”. Isso intrigou alguns cientistas, entre eles Konstantin Raudive, nascido na Letônia, parapsicólogo e ex-professor de psicologia, que morava na Suécia. Raudive pediu a Jürgenson que pusesse algumas fitas para ele e alguns colegas ouvirem. Jürgenson concordou prontamente e também gravou uma fita na presença deles, interpretando as vozes para o grupo.
Raudive abraçou imediatamente a descoberta de Jürgenson, que para ele significava uma oportunidade de provar, por meios empíricos científicos, que havia alguma forma de vida depois da morte física. Os dois trabalharam em conjunto pesquisando as chamadas vozes eletrônicos até 1969, quando divergências os levaram a se separar.
Raudive continuou investigando o fenômeno, usando um gravador normal de rolo para fazer mais de 10 mil gravações. Às vezes ele adaptava seu equipamento ao rádio, acreditando que era possível detectar vozes nos espaços entre uma freqüência e outra. Raudive dizia reconhecer muitas das vozes que ouvia nas fitas e algumas delas teriam até se identificado. Entre seus supostos contatos estariam Adolf Hitler, Carl Jung e Johann Wolfgang Von Goethe.
Um apanhado amplo do trabalho de Raudive, que incluía até um disco pequeno contendo amostras das supostas vozes, foi publicado em 1968. Pouco tempo depois, Raudive afirmou ter sido visitado por engenheiros da NASA, o órgão norte-americano encarregado de pesquisas aeroespaciais. Os visitantes não quiseram dizer o porquê do interesse pelo projeto, informou Raudive, mas examinaram suas experiências e fizeram “perguntas inusitadamente pertinentes”.
O livro também despertou o interesse de muitos céticos sobre o que veio a ser chamado de as “vozes de Raudive”. Alguns as descartaram como sendo uma interpretação imaginativa de estática de rádio ou do zumbido de um gravador, enquanto outros acreditavam que Raudive tinha confundido fragmentos de transmissões radiofônicas em outras línguas com espíritos sussurrantes.
Inabalável, Raudive continuou a pesquisar até a sua morte, em setembro de 1974. Durante uma conferência sobre paranormalidade realizada dez dias depois, na Alemanha, instalou-se um gravador, talvez o fantasma de Raudive decidisse fornecer o que não pudera em vida, uma prova da existência do espírito.
Embora alguns tenham afirmado ter ouvida a voz de Raudive na fita, não veio nenhuma revelação coerente do mundo dos espíritos. O instigante legado de Raudive, Jürgenson e Edison está agora nas mãos dos pesquisadores contemporâneos que continuam buscando, por meios eletrônicos, uma comunicação com os mortos.
COMO O F.E.V. É GRAVADO?
As pessoas que estudam o F.V.E. usam diversos tipos de dispositivos para gravar os sons. Eles podem usar gravadores de fita cassete, de rolos à moda antiga ou gravadores digitais mais modernos. A maioria dos pesquisadores diz que o custo do gravador não é importante: gravadores baratos funcionam tão bem quanto os mais caros.
Eles instalam um microfone externo no gravador, com cabo suficiente para evitar captar o próprio som do gravador.
O microfone externo também possibilita que o pesquisador grave seus próprios comentários durante o processo. Fones de ouvido são usados freqüentemente porque muitas das vozes são baixas e difíceis de ouvir de outro modo.
Jennifer Lauer, diretora e fundadora do Southern Wisconsin Paranormal Research Group, é chamada regularmente por proprietários de empresas e casas para documentar atividades paranormais. Ela descreve o processo de gravação usado por sua equipe:
Vamos até o local e entrevistamos as testemunhas e descobrimos o que está acontecendo, o que eles estão vendo e ouvindo. Também fazemos leituras de equipamentos para assegurar que o que eles estão sentindo não é um um campo eletromagnético ou ondas de rádio.
O Gravador de Rolo é um tipo de equipamentos utilizado para gravação de F.V.E.
Gravamos o F.V.E. de duas maneiras diferentes, dependendo do tipo de assombração que parece ser. O F.V.E. pode ser um tipo de energia residual. Ele pode ser uma amostra do que aconteceu em algum momento e que se reproduz como um filme.
Se for uma assombração residual, deixamos o gravador em uma sala para ver se captamos alguma coisa.
Com uma assombração inteligente [o que significa que um espírito real está presente], podemos fazer perguntas porque sabemos que poderemos obter respostas. Nós nos sentamos em um grupo de 4 a 6 pessoas. Colocamos o gravador em uma posição central em relação a todos nós. Um por um, fazemos uma pergunta a quem quer que esteja na sala.
Depois das perguntas, permanecemos cerca de 20 segundos em silêncio para que ela possa ser respondida e então a próxima pessoa faz outra pergunta.
Depois de fazer a gravação, os pesquisadores ouvem a fita várias vezes, prestando atenção a qualquer som que se assemelhe a uma voz. Eles podem usar um computadorpara analisar quaisquer vozes que surjam. Aqui está um exemplo do processo analítico usado em The Ghost Investigators Society (A Sociedade de Investigadores de Fantasmas):
Forma de onda: esta tela mostra o padrão de uma voz diretamente depois de ser colocada no computador.
Tela de estatísticas: depois de visualizar o padrão de ondas, os pesquisadores visualizam as estatísticas de forma de onda. Essencialmente, isso fornece a constituição da própria amostra de voz, como o passo, a amplitude e a taxa de amostra.
Placa de Captura de Vídeo: Este módulo, o qual é instalado em computadores, permite a captura de sinais de Aúdio e Vídeo, armazenando-os em arquivo eletrônico no Disco Rígido.
Os pesquisadores também podem usar um software para tornar o som gravado mais audível. "Eu uso o software para remover o ruído de fundo, reforçar a intensidade de suas vozes ou remover sons de cliques ou chiado da gravação", explica Dave Oester, Ph.D., co-fundador da International Ghost Hunters Society (Sociedade Internacional dos Caçadores de Fantasmas). "Alguns F.V.E. não requerem nenhuma filtragem, são muito claros. As vozes do F.V.E. são cheias de emoções e nunca são monótonas."
Quando usam um gravador de fita cassete ou de rolos muito silencioso, os pesquisadores freqüentemente usam o ruído de um ventilador, estática de rádio ou murmúrios de vozes pré-gravadas, geralmente em um idioma estrangeiro, durante a reprodução, porque dizem que o ruído de fundo ajuda as vozes a se formarem na fita. A teoria é de que o comunicador traduz o ruído em palavras.
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