Biracy A. Camargo
Moradores de Jaraguá tem relatado frequentes casos de assombrações na cidade e na zona rural.
Nivaldo
Félix, morador da vila São José relata que alugou uma casa naquele
setor, local que antigamente era um centro espírita e que ele ficou no
imóvel por apenas 7 dias, pois não suportava mais os barulhos sinistros
que aconteciam à noite.
Ele diz
que ao apagar as luzes faziam barulhos parecidos com o atrito de duas
bolas plásticas rígidas, o barulho era assustador e após ele verificar
por várias vezes a possibilidade de serem ratos ou morcegos, chegou à
conclusão que o fenômeno era paranormal.
Não contendo mais o medo, certa noite ele saiu com o colchão de espuma debaixo do braço e foi dormir no vizinho.
“Tudo era assustador, não parecia com um barulho comum, nada era normal, no outro dia mudei de lá”, diz ele.
Na Mirilândia moradores relatam que uma assombração habita alguns lugares escuros nas noites daquela região.
Muitos
relatos provaram que as aparições eram mesmo sobrenaturais. Estes
fenômenos são comuns em Jaraguá tanto na cidade como na zona rural onde
existem vários relatos.
Um caso muito conhecido aconteceu com o autor deste artigo, veja os relatos:
Desde
1971 meus pais moram numa chácara a 1 km da cidade, aqui em Jaraguá-GO
e os fatos aconteceram no mês de junho do ano de 1981.
Um
irmão mais velho, que é bancário e morava na vila Rio Vermelho, numa
tardinha já escurecendo chegou em casa e escutou algo caindo em cima do
telhado.
Saiu para ver e não
encontrou ninguém, os barulhos continuaram em instantes intercalados,
pedras eram jogadas em cima do telhado, objetos arrastavam-se e ele
chamou a polícia.
Logo
apareceram os valentes e temidos policiais da época, o cabo Pedro
Gontijo valentão conhecido na cidade e outro PM também temido e que
ainda é vivo, por isso preservamos sua identidade.
Após
verificarem o lugar e presenciarem alguns ataques ocultos, disseram ao
meu irmão que aquilo não era “coisa” para eles e saíram assustados
dali.
Meu irmão com medo pegou a
esposa, o filho de dois anos e seu cunhado um menino de 12 anos que
passava uns dias ali e foram todos para nossa chácara.
Era
quase meia noite e ao abrir a porta minha mãe deu de cara com ele e
sua família assustados pedindo abrigo, dizendo que desde o inicio da
noite não tinha sossego pois algo estranho os atormentava jogando
pedras e outros objetos.
Nesse instante um pedaço de tijolo atravessou o vitrô da frente caindo na sala causando desespero em todos.
Minha
mãe religiosa, sempre muito forte e cheia de fé arranjou logo um altar
pôs ali algumas imagens e todos se propuseram a rezar.
Nesta
noite a família de meu irmão nos fez companhia pousando na chácara. No
outro dia saiu cedo para o banco e deixou seus familiares na chácara.
Desde
então descobrimos que todo aquele transtorno acompanhava o menino,
pois onde ele estava aconteciam os fenômenos. Se ele estava na cozinha
pratos voavam, garfos caiam, pedras se atiravam pelas janelas.
Eu que tinha a mesma idade do menino, 12 anos, fui indicado por minha mãe para acompanhar o garoto.
Os
mais velhos precisavam trabalhar na lavoura e as meninas ajudavam nas
tarefas domésticas, então eu e dois irmãos pequenos, um de 7 e outro de
14 cuidava do moleque possuído.
No entanto acostumamos com o fenômeno, pois nunca houve agressões físicas a nenhum de nós, somente psicológica.
Tinha hora que não suportávamos com tanta coisa estranha, corríamos
para perto da mãe e ela pegava o rosário e começava a rezar.
O
menino era indiferente, nunca cometia qualquer gesto, nunca atirou uma
pedra com as mãos, jamais mexia em qualquer objeto, era tímido, no
entanto onde ele estava as coisas fluíam, voavam, se atiravam.
Os
incidentes eram frequentes, vasilhas arremessadas pela janela, as
cordas do laço de meu pai lidar com gado certa noite voaram pela janela
de madeira que estava aberta na sala, garfos, latas saíam da
prateleira, todos os vidros das três janelas da frente da casa foram
apedrejados.
Notamos algo interessante, minha mãe era a única pessoa que afastava as anormalidades. Quando ela aparecia acalmava tudo.
À
noite dormia eu e os irmãos de 7 e de 14 anos e o menino problemático
de 12 anos, todos numa mesma cama de casal. Isso causava desespero,
pois à noite arranhavam o colchão, batiam socando a parede, mas, sempre
que minha mãe aparecia tudo acalmava.
Passaram
mais de duas semanas e somente no dia 14 de junho, lembro bem a data
por ser o dia do meu aniversario, minha mãe teve a idéia de levar o
menino para ser batizado. Rumo à cidade, andando pela estrada de chão,
pedras eram atiradas pelo além.
Ao
chegar na igreja matriz de Jaraguá, naquela fatídica e fria tarde do
inverno de junho, mamãe o apresentou ao Frei Dorvalino para ser
batizado.
O padre pediu que
apresentassem os padrinhos. Mamãe se ofereceu para ser madrinha e pediu
ao Antônio Coelho, retratista conhecido e que até hoje exerce esta
profissão aqui, para apadrinhá-lo, ele aceitou e o batizou.
Tudo
terminou naquele momento e minha mãe perguntou ao padre o que havia
acontecido e o religioso afirmou que era a força da mente do menino que
causava tudo.
Porém uma dúvida sempre nos acompanhava, porque ele perdeu a força da mente somente na hora que foi batizado?
A maioria dos moradores daquela época, principalmente os moradores antigos da vila Rio Vermelho sabem da historia.
Aquele
menino, hoje é policial em outra cidade e trata minha mãe de forma
especial. Meus pais e irmãos, 30 anos depois ainda moram na mesma
chácara, onde, graças a Deus, nunca mais houve qualquer fenômeno
sobrenatural.
Análise:
Anos
mais tarde, pesquisando sobre o assunto, li que o fenômeno ocorrido,
segundo diz a ciência pode ter sido o Poltergeist que em alemão
significa “ruído do espírito” e é um tipo de evento sobrenatural que se
manifesta deslocando objetos e fazendo ruídos.
Estudiosos acreditam que o foco dessa perturbação, em muitos casos é uma criança na fase da puberdade.
Este
tipo de evento se diferencia de assombração, pois nele se caracteriza a
relação com um indivíduo numa duração curta enquanto que nos chamados
casos de assombração os acontecimentos podem se estender por anos e
estão sempre associados a uma área, geralmente uma casa ou um local
mal-assombrado.
No fenômeno
poltergeist um espírito perturbado usa o indivíduo para se manifestar,
às vezes de forma agressiva, fazendo objetos como pedras, por exemplo,
voarem pelos ares atingindo outros objetos e assustando as pessoas.
Para
a manifestação desse espírito, segundo a literatura espírita, é
necessária a presença de um médium de efeitos físicos, ainda que seja
completamente alheio à sua faculdade, para que os fenômenos ocorram.
Geralmente,
o poltergeist deixa de se manifestar em poucas semanas. Diferente das
assombrações, que podem ferir seres humanos, o poltergeist tem como
objetivo apenas a manifestação de sua força sobrenatural.
Resumindo,
no caso do garoto, ele possuía qualidades mediúnicas involuntárias e o
espírito poderia estar causando aquilo, mesmo contra a sua vontade, o
que acabou sendo bloqueado com o batismo e a interferência das pessoas
de seu convívio através da fé.
Quanto
às assombrações que vagam pelas noites escuras, nas redondezas da
cidade e zona rural de Jaraguá, essas podem estar por aqui a mais de
século, pois existem relatos delas nas velhas histórias populares de
Jaraguá.
Poderia ser a Tereza
Bicuda, o velho e temido Coronel Castrinho, o Cavaleiro da rua das
flores ou podendo ser também alguma outra assombração mais nova de
algum falecido que ainda se mantém presa a este mundo.
Fonte: Jornal Gazeta de Notícias
Via: Arquivos Do Insolito
muito bom esse conto: conheço todas as historias antigas da minha querida e amada jaragua: adorei saber de mas uma
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