O vilarejo foi fundado em 1850, quando quatro famílias se estabeleceram na região, um beco geograficamente estratégico:
de um lado do braço de mar está Ararapira, no Paraná; de outro, a Ilha
do Cardoso, em São Paulo. No apogeu, entre as décadas de 40 e 50, a
vila oferecia até tecido inglês no armazém. O forte era a
comercialização de farinha, arroz e peixe seco, levados para os
municípios paranaenses de Guaraqueçaba e Paranaguá. O lugar era também
reduto de bêbados, que de tempos em tempos lotavam a única cela da
delegacia. Na festa do padroeiro, São José, em 19 de março, eles
passavam dos limites.
Ararapira
mergulhou numa irremediável decadência com a construção do Canal do
Varadouro, em 1953, para a formação da ilha artificial de Superagüi. Em
1989 a área foi transformada em parque nacional e dez anos depois
declarada Patrimônio Natural da Humanidade. A região é uma das mais bem
conservadas da Mata Atlântica. Integra o Complexo Estuário Lagunar de
Cananéia–Iguape–Paranaguá. O rigor das leis de preservação e a
inexistência de projetos turísticos restringem as possibilidades de
sobrevivência no local.
A
situação persiste desde que as águas invadiram o vilarejo, forçando
famílias a seguir para outras cidades. Muitos comerciantes e pescadores
tornaram-se favelados, mas fazem questão de ser sepultados em
Ararapira. Foi o caso de Maria Pires, enterrada em agosto, aos 87 anos.
O cemitério é o único elo entre a vila e seus ex-habitantes. Dias
antes do feriado de Finados, eles capinam a trilha. Retornam no dia 2
para acender velas e rezar para os mortos. E partem de novo.Igatu -Ba
Igatu, a antiga Xique-Xique, é hoje uma pequena vila de cerca de 450 habitantes do município de Andaraí, perdida entre as montanhas da Chapada Diamantina, no sertão da Bahia. No auge da atividade garimpeira do diamante, entretanto, nos fins do século XIX, chegou a ter cerca 10.000 moradores, sendo uma das mais populosas e ricas da região, com casas e sobrados imponentes, dispondo de várias facilidades, como cartório, cabarés e até cinema. Uma das provas de sua passada riqueza é o imponente cemitério, construído a semelhança daquele da vizinha Mucugê. A lendária riqueza ali produzida foi objeto de tema de uma novela, a “Maria, Maria”, da Globo, de 1978, estrelada por Nívea Maria. Com o desaparecimento do diamante, nas primeiras décadas do século XX, Igatu, entre todos os centros garimpeiros da Chapada, foi o que mais sofreu. O êxodo maciço da população transformou a maioria de suas casas e sobrados em ruína. A localidade foi praticamente riscada do mapa e até as suas estradas de acesso foram abandonadas. A pequena população remanescente, que forma a atual vila, passou a dedicar-se a agricultura de subsistência. Até hoje, chegar lá é uma aventura, tal o estado precário das estradas.
O relevo montanhoso, o surgimento da cidade, do nada, as ruas de casas arruinadas, construídas em pedras, os rios encachoeirados, os caminhos e trilhas calçados em pedras irregulares, remetem à famosa Machu Pichu, do Peru. Hoje, Igatu é uma das principais referências na Chapada para o ecoturismo, ponto de partida para caminhadas de aventura (trekking), dispondo de algumas pousadas e restaurantes, simples, mas de comida muito saborosa. Há, ainda, um pequeno e charmoso museu e galeria de arte, que conta a história do local. Atrai muitos turistas pela sua singular história, pela beleza do cenário, o caráter pacato da vila, o clima, as vastidões desabitadas, a natureza intocada e, especialmente, pelo aspecto místico e romântico de cidade perdida.
Distrito de Serro - MG
O grande atrativo dessa acanhada vila é a famosa "Cidade Fantasma". Composta por três ruas, 30 casas fechadas e pela Capela de Nossa Senhora, esse aglomerado de casinhas recebe esse nome pois é habitada apenas no período da festa de Nossa Senhora das Dores. No mês de Julho, recebe grande fluxo de romeiros que preparam o local para a celebração.
A vila começou a ser construída há cerca de um século por trabalhadores de cidades da região. Como eles tinham que subir a montanha para rezar e ao mesmo tempo necessitavam de algum descanso, foram improvisando casas ao redor da única igreja da região.
O local apresenta uma ar bucólico e possui vista impressionante da região, sendo possível observar o Pico do Itambé. Ideal para meditar, passar o dia ou relaxar com os amigos e a namorada.
Entretanto, algumas casas já estão descaracterizadas, apresentando telhados e janelas modificadas. Além disso, não se sabe até quando o local ficará isolado da atividade turística predatória. Por enquanto, poucos visitantes são vistos na região e a pequena cidadela ainda se mantém limpa e agradável. Porém, com a promessa de novo asfalto na rodovia que conecta Mato Grosso ao Serro e a Conceição do Mato Dentro, o futuro é incerto, visto que não há grande preocupação com a preservação do local.
Vila de Jaguara - MG
A Vila Residencial Jaguara pertence ao Município de Sacramento, e fica a dez quilômetros do centro. A “cidade” de Braz tem área de 238 hectares – o equivalente a 310 campos de futebol -, 70 casas de três e quatro quartos, hotel, igreja, escola, ambulatório, clube, lago para lazer, aeroporto, infra-estrutura de água, esgoto, asfalto e iluminação.
A vila foi construída em 1970 para abrigar trabalhadores da usina
hidrelétrica de Jaguara, implantada pela Companhia Energética de Minas
Gerais (Cemig). Até a década de 90, cerca de 400 moradores faziam do
local uma verdadeira cidade, mesmo sem a área aparecer no mapa do
Estado. A comunidade nem precisava sair de Jaguara para tratar da
saúde, passear, ir à igreja ou às compras.
Por um programa de incentivo da empresa, ainda na década de
90, os moradores começaram a se mudar para cidades próximas, como
Uberaba, Rifaina e Sacramento, em busca da casa própria. Desde então,
ninguém nada mais nas piscinas do clube, as casas estão fechadas, a
igreja não tem mais padre nem fiéis e o salão de festas não realiza
mais bailes.
Mas o técnico industrial da hidrelétrica Júlio César de Oliveira, 43,
tem um bom motivo para não esquecer de Jaguara: ele se casou na igreja
da vila em 1986. Antes, quando solteiro, dividia uma casa de três
quartos com outros amigos de trabalho. “Escolhi a igreja porque era
bonita e diferente”, relembra.
Segundo o gerente regional das usinas da Cemig, Márcio José
Peres, as vilas construídas para abrigar os trabalhadores foram
perdendo a importância com o passar dos anos, já que o sistema de
transporte público evoluiu e os empregados hoje podem ir para as usinas
somente para trabalhar.
Espaços comuns
Em Jaguara, ninguém podia escolher casa e não havia distinção de classe. Morar em uma casa de três ou quatro quartos só dependia do tamanho da família. Do operário ao diretor, todos podiam usufruir dos espaços comuns.
Em Jaguara, ninguém podia escolher casa e não havia distinção de classe. Morar em uma casa de três ou quatro quartos só dependia do tamanho da família. Do operário ao diretor, todos podiam usufruir dos espaços comuns.
“Ficava tudo cheio de barco, as mulheres tomando sol e as pessoas
nadando no rio. Tinha muita criança de bicicleta pelas ruas. Quem vê
isso aqui hoje não imagina como era”, afirma Braz. Atualmente, apenas
ele e as 51 crianças que estudam na escola rural, que fica na vila,
impedem que Jaguara se transforme numa cidade fantasma.
A Vila Residencial Jaguara vai a leilão pela segunda vez. A primeira foi no ano passado, mas não apareceram compradores. Segundo Braz, faltou divulgação para mostrar os benefícios que o empreendimento pode trazer ao turismo. Em outras vilas desativadas pela empresa, os imóveis foram vendidos separadamente. A usina Jaguara está no quarto lugar do ranking da Cemig de produção energética, com 424 mil kw.
Fonte: SeteDiferenças
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